terça-feira, 29 de junho de 2010

Vida de professor particular: Dicas E Reflexões

Introdução

Após mais de dez anos trabalhando como professora particular no ensino de língua inglesa, minha experiência me mostrou que por mais que gostemos e defendamos nossa escolha profissional, este é um trabalho árduo, pouco reconhecido, além de não ser tão bem remunerado, se comparado à outras profissões. Além disso, por trabalharmos de maneira independente, muitas vezes nos sentimos sós e perdidos quando nos deparamos com certas dificuldades. Ao procurarmos por assistência, constatamos que há não só uma carência de materiais de apoio, mas também um certo preconceito tanto da sociedade, quanto do meio acadêmico. O primeiro grupo não considera essa profissão uma escolha, mas sim uma falta de opção ou de qualificação para outro trabalho. Já no âmbito acadêmico, seu estudo encontra-se em estado de atraso no âmbito acadêmico, devido a resistência de alguns mestres e doutores, que ainda hoje não consideram o trabalho de professores particulares como algo sério.

Felizmente, nos últimos anos, esse quadro começou a ser modificado. A pesquisa e publicação de trabalhos na área do ensino de idiomas por professores particulares vem crescendo devido a situação pela qual estamos inseridos nos dias de hoje - aumento na demanda por cursos de idiomas tanto pelos oferecidos por escolas de idiomas quanto pelas aulas de professores particulares. Sendo assim, devemos parabenizar dois trabalhos publicados sobre esse tema: o livro de Maria Rita Bicudo Pereira Costa Rosa e Sílvia Manuela Jardim Leandro Junqueira Franco – Manual de sobreviência para o professor Particular de idiomas e uma tese de mestrado de Annemarie de M. Heltai Lima, entitulada Representações sobre o processo de ensino-aprendizagem de inglês: Uma análise das práticas discursivas de uma aluna na aula particular. No entanto, apesar de suas excelentes contribuições, esses trabalhos ainda não conseguiram preencher essa imensa lacuna na literatura e suprir as necessidades dos profissionais da área.

Diante deste quadro, considerei que poderia compartilhar o conhecimento adquirido com colegas e futuros professores particulares. Portanto, neste texto, pretendo discorrer sobre uma série de tópicos importantes para os professores particulares, tais como: administração, organização, área financeira, marketing, métodos, aulas, materiais e etc. Baseando-me em minhas experiências profissionais, em depoimentos de outros professores, de alunos e amigos e também de minha formação acadêmica na área de Letras: Inglês/Português – Bacharelado e Licenciatura, preparei uma compilação de sugestões, tanto das que venho empregando quanto das utilizadas por outros colegas, além de casos e histórias que deram certo ou não.

Meu intuito é que este trabalho, contendo algumas dicas e sugestões, não seja utilizado apenas como um manual, mas que também provoque reflexões sobre nossa prática profissional e que desse modo, cada um de nós possa encontrar sua melhor maneira de trabalhar.


Profissão: Professor particular


“Vamos ver como algumas pessoas vêem os professores de inglês. Quantas crianças, quando perguntadas, o que querem ser quando crescer, responderão: “professor de inglês”? Não muitas! Elas dirão “médico” ou “advogado” ou “engenheiro” ou até “astronauta”, mas poucas dirão professor de inglês (...) Uma pessoa estuda, presta exames e quando percebe que não vai conseguir se dar bem ... Eu não poderei ser um médico ou um advogado ou em engenheiro... eu acho que vou ser um professor! Um professor de inglês! E aí está você”. Phil Ruggiero,“So you want to be an English teacher?”

Resolvi iniciar nossas reflexões a paritr da citação acima, um tanto sarcástica, de Ruggiero, treinador de professores, pois me parece bem ilustrativa no que diz respeito a escolha de nossa profissão, pelo menos por parte de alguns. Creio que ainda há pessoas, como eu, que escolham ser professores de inglês, porque gostam dessa profissão, mesmo que se deparem freqüentemente com as seguintes perguntas: “professor, você trabalha também ou só dá aula?” ou “por que você não procura um emprego de verdade – tipo secretária bilíngüe?” ou ainda “por que você não trabalha como tradutor?” e que professor particular já não ouviu “ por que você não dá aula de verdade em uma escola?”, como se o fato de sermos professores não significasse que temos uma profissão e darmos aula particular, não fosse um trabalho.
Infelizmente, é de conhecimento de todos que nossa profissão é muito desvalorizada.

No entanto, acredito que os próprios professores têm uma certa parcela de culpa. Não devemos ter vergonha de dizer que somos professores, devemos ter orgulho e assumir nossa escolha profissional que afinal, apesar de ser difícil e cansativa, pode ser também muito divertida, prazerosa e recompensadora, como podemos perceber através do depoimento de uma professora:
“Desejaria que qualquer um pudesse experimentar o nervosismo que existe no ensino, a ansiedade por entrar em aula. É a coisa mais estranha... não importa que você esteja triste ou não se encontre muito bem ou que as coisas não transcorram favoravelmente, você chegará à classe e, enquanto uma criança progride, tudo lhe parecerá melhor, porque necessitam de você. Talvez o menino esteja triste e você esquecerá suas preocupações; ou quem sabe ele chegue com algo que simplesmente tenha que lhe dizer e que para ele é o mais importante do mundo. E de repente, eu sei, esqueço meus problemas. Pergunto-me se existem outras profissões como esta, onde se alcance a mesma gratificação. “Formação Continuada de Professores e a Construção de seu Saber Profissional”.

Em minha opinião, outro ponto que desvaloriza nossa profissão é o fato das pessoas acharem que qualquer um pode dar aulas, não sendo necessário estudo, pesquisa e dedicação, bastando um conhecimento básico de uma língua estrangeira.
Partindo deste conceito errôneo, podemos citar a questão dos nativos, estrangeiros sem nenhum preparo, muitos dos quais só estão interessados em morar no Brasil e sem um visto que permita que trabalhem, apelam para um trabalho informal. Infelizmente, um grande número de pessoas acha que eles são muito melhores do que os professores brasileiros e alguns alunos demonstram até um preconceito contra nós. Quando me deparo com esta situação, sempre faço a seguinte pergunta: “Você fala português? Sim? Seria capaz de ensinar a Língua portuguesa só porque é um falante nativo?”. Normalmente, a resposta é “não”, ou seja, não basta saber falar o idioma como um nativo.

Precisamos defender nossa área! Um professor não pode ser alguém que está desempregado e resolveu “fazer um bico” ou alguém que acabou de voltar de uma viagem ao exterior, domina um pouco uma língua estrangeira e já se acha apto a lecionar ou ainda aqueles nativos que nem sabem fazer um bom uso de sua própria língua. Aliás, quero deixar bem claro, que meus leitores não fazem parte do grupo citado acima, pois se estão lendo este texto é porque pesquisaram e estão interessados em sua profissão, em desenvolver um bom trabalho e estão sempre em busca de algo a mais.

Entretanto, é importante esclarecer que não acredito que as pessoas citadas no parágrafo anterior não possam se tornar bons professores, mas para que isso aconteça é necessário que tenham alguma instrução de como fazê-lo de maneira adequada e eficiente, o que pode ser adquirido por meio de cursos e treinamentos. Portanto, é importante termos consciência que esta é nossa profissão e para isso, precisamos de qualificação, determinação, dedicação e comprometimento, assim como qualquer outro profissional.

Posto isto, para que possa ilustrar a diferença entre pessoas desinteressadas e aqueles que decidiram assumir a profissão, segue um curto relato. Estou estudando inglês novamente com um grupo de professores, pois me matriculei em uma escola que trabalha com o treinamento e aprimoramento de professores. Em minha turma, há uma colega que morou muito anos nos Estados Unidos e que apesar de ter outra formação acadêmica, quando voltou ao Brasil, percebeu que adora língua e cultura e decidiu que esse é seu novo interesse profissional. Antes de iniciar a carreira, ela se matriculou em um curso para melhorar sua pronúncia, além de um curso de inglês avançado e um outro acadêmico para estudar metodologia, ou seja, essa pessoa me parece interessada em ser professora realmente.

Com esse exemplo, espero ter esclarecido minha opinião: não sou contra pessoas se tornarem professores, só acho que precisam realmente se interessar e fazer um trabalho bem feito.


Prós e contras

O número de pessoas que se dedicam às aulas particulares vem aumentando muito ultimamente e isso se deve à uma série de vantagens que esse professor tem, se comparado ao seu trabalho em uma escola. Afinal qual professor já não pensou em como seria maravilhoso ser dono do próprio nariz, não ter que dar satisfação a ninguém, trabalhar só quando estiver com vontade, não dividir seus honorários com ninguém, ganhar muito bem e etc. No entanto, devemos deixar claro que não é bem assim que funciona. Realmente, há uma série de fatores positivos, mas nem de longe são parecidos com os quais acabo de citar e devemos considerar também as muitas desvantagens.

Primeiramente, vamos considerar o lado bom desse trabalho. Um deles sem dúvida é a flexibilidade. O professor particular tem horários mais flexíveis, pois pode decidir que aulas aceitar e quando trabalhar. Isso é ótimo para aqueles que ainda estudam ou voltaram a estudar, pais que queiram se dedicar mais aos seus filhos, aposentados que queiram continuar trabalhando, professores de escolas, que tenham alguns horários livres, isto só para citar alguns exemplos.

Também temos autonomia e podemos tomar nossas próprias decisões para a escolha de métodos e materiais ou seja, é a nossa chance de pararmos para pensar qual seria o conteúdo mais apropriado e interessante para os alunos e assim, a oportunidade de elaborar nosso próprio curso. Desse modo, acaba-se com a tortura de sermos obrigados a trabalhar com o que é imposto pela escola e não nos agrada, pois, muitas vezes, nem acreditamos naquela maneira de trabalhar.

Outro fator importantíssimo e que atrai muitos profissionais é o financeiro. O professor particular estabelece seus honorários e recebe integralmente o valor pago pelo aluno, diferentemente, do que ocorre quando prestamos serviços às escolas de idiomas. Em uma pesquisa em 2007, descobri que as escolas de idiomas chegam a reter 90% do valor de nossa hora-aula e o professor recebe apenas 10% do valor cobrado do aluno. É claro que devemos considerar que as escolas têm inúmeras despesas, tais como: aluguel, água, eletricidade, telefone, material, funcionários, impostos e etc.
No entanto, é revoltante ver que a figura mais importante da escola – o professor – fica apenas com 10% do valor cobrado. Porém, devemos ressalatar que sendo funcionário de uma escola ou professor particular quem abraça essa profissão não prioriza dinheiro, mas reconhecimento. Afinal, alguém conhece um professor extremamente bem remunerado?

Além das vantagens, não podemos deixar de apontar os pontos negativos deste trabalho. Como já dissemos anteriormente, há inúmeros, pois esta não é uma área tão fácil quanto aparenta.

O primeiro ponto essencial é que, infelizmente, nem todas as pessoas têm o perfil para este trabalho autônomo, como afirmou Max Gehringer, um famoso consultor de carreiras:
“Ser empregado ou ser dono não é uma questão de escolha. É uma questão de vocação”. “Ser dono ou empregado”

Apesar de não estarmos falando sobre “donos” de escolas, ao meu ver, acho que podemos utilizar a mesma lógica, pois um professor particular é, na verdade, um gestor de seu próprio negócio, pois além de ser um bom professor, este profissional precisa ser empreendedor. Sabe-se que pessoas que são seus próprios chefes, precisam trabalhar “24/7/365” – 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano, ou seja, estão sempre disponíveis, atentas ao celular, a caixa de entrada de seus e.mails e etc. Aqueles que já são professores particulares, sabem que alunos ligam aos fins de semana, feriados e até de madrugada. Além disso, não temos uma rotina e não podemos ter medo de nos arriscar e, infelizmente, nem todos têm esse perfil.

O bom professor particular, além de possuir as características citadas acima, precisa ser também “multi-funcional”, pois deve saber gerenciar um negócio, como afirmam André Marques e Cláudia Valéria Pinhos Lopes:
“Temos ainda professores extremamente capacitados pedagogicamente que “iludidos” com a idéia de que a única base do negócio-ensino é o conhecimento de sala de aula, se lançam em aventuras empresariais que muitas vezes não têm um final feliz”, “Construindo relacionamento com alunos e vencendo a concorrência”

Partindo da citação acima, conheço ótimos professores que dizem não ter muita sorte com aulas particulares, mas o que ocorre, em minha opinião, é que eles não são empreendedores. Conheci uma professora que disse não ter muitos alunos, estava triste, chateada, precisando de dinheiro e eu sabia que era uma profissional muito boa, mas quando lhe indiquei um aluno, ela não entrou em contato com ele, pois disse que não gostava de usar telefone e nem se sentia à vontade para conversar com desconhecidos, ou seja, apesar de ser uma ótima professora, não conseguia trabalhar sozinha sem o suporte de uma escola e de uma equipe que resolvesse as outras questões fora da sala de aula. Um outro exemplo é o caso de uma outra professora excelente que me disse que aulas particulares não davam dinheiro. Conversei bastante com ela a fim de descobrir qual seria o problema e percebi que ela tinha vergonha de cobrar seus alunos e quando estes não lhe pagavam, ela acabava deixando por isso mesmo.

O professor particular precisa estar preparado para assumir todas as diversas funções de uma empresa. Vejamos algumas delas:
 Recepcionista: Atendemos e fazemos todas as ligações. São pessoas interessadas em imformações sobre aulas, alunos avisando sobre um cancelamento de aula, alunos que gostariam de fazer uma troca de horário, de um reposição ou que estão trabalhando e necessitam alguma ajuda de emergência. Portanto, precisamos estar atentos a todo o momento. Isso não significa atender ao celular sempre: por exemplo, há alunos que ligam às 23hs e até de madrugada. Podemos deixar o telefone desligado quando achar necessário e assim que ligá-lo novamente, checar nossos recados e entre em contato assim que possível.
Ainda com relação a atender ligações, creio que atender o telefone, a não ser em emergências, seja falta de respeito para com o aluno, afinal, eles só têm aquele horário para sua prática, pagam por ele e não devem ter sua aula interrompida. Aconselho que deixem seu telefone no modo silencioso ou desligado. Ao sair da aula, chequem seus recados e retornem as ligações, mas não atendam ligações durante a aula. Segue um breve relato de como esse pequeno detalhe pode ser importante – eu tive aulas com uma professora de italiano durante um tempo e acabei cancelando, pois me sentia desrespeitada. A professora deixava o celular ligado e atendia a todas ligações, o que atrapalhava o ritmo da aula, pois ela parava no meio de uma explicação e eu ficava esperando por minutos, já que priorizava seus problemas e não a aula. Além disso, às vezes, os telefonemas me tiravam a concentração: como um iniciante consegue fazer um exercício de “listening” com uma pessoa falando ao mesmo tempo que o CD? Resultado: cancelei as aulas.

 Motoboy: Além de nos deslocarmos para chegarmos as residências e escritórios dos alunos (no caso de professores que vão até o local), também temos uma série de outros serviços na rua. Precisamos ir ao banco para os depósitos dos pagamentos, buscamos materiais na livraria, precisamos fazer compras na papelaria, levamos e buscamos materiais fotocopiáveis nas copiadoras e etc.

 Marqueteiro/propagandista: É imprescendível que façamos a propaganda de nossos cursos para divulgarmos nosso serviço, principalmente, professores que estão iniciando nessa área. Além de criarmos uma propaganda que seja inteligente e chame a atenção de nossos futuros alunos, precisamos escolher o melhor modo de divulgá-la seja via distribuição de folhetos, anúncios em jornal e revistas, e.mails, nurais de edifícios ou de escolas e universidades.

 Vendedores: Trabalhamos como “vendedores” de nossas aulas. Após a publicidade, temos o retorno das pessoas interessadas. O primeiro contato pode ser feito por telefone ou e.mail, mas caso o aluno demonstre interesse, acredito que vale a pena agendarmos uma reunião com o futuro aluno, para podermos apresentar nosso método, material, forma de pagamento e esclarecermos todas as dúvidas pessoalmente.

 Gerente financeiro: Fazemos os cálculos do número de aulas a serem cobradas, informamos ao aluno o valor da cobrança. Consultamos o banco para confirmação do recebimento. Não raro, precisamos entrar em contato com os alunos para relembrá-los que o pagamento ainda não foi realizado. Além disso, fazemos o pagamento do material utilizado, tais como livros e ainda a contabilidade das aulas recebidas, devidas, projeções para próximos meses e etc.

 Coordenador: Entramos em contato com editoras, fazemos pedido, análise e escolha de novos materiais; decidimos a melhor maneira de trabalhar com cada aluno; fazemos avaliação do nível dos alunos novos; no caso de crianças e adolescentes, entramos em contato com os pais para conversar sobre o desempenho de seus filhos. Também damos suporte ao aluno extra sala de aula: somos solicitados a dar informações sobres exames de proficiência nacionais e internacionais, opiniões sobre cursos no exterior, e até, acredite ou não, informações sobre documentação para vistos e viagens. No entanto, isso não significa que devamos resolver todos os problemas de nossos alunos.

 Investidor: quando um empreendedor abre um negócio, ele investe e corre riscos. Precisamos de um investimento inicial para cobrir várias despesas que seriam paga por uma escola na qual um professor trabalha, tais como materiais didáticos: livros, materiais de apoio, CDs, jogos; e até materiais de escritório: impressora, cartucho de tinta, papel A4, papéis coloridos para atividades, canetas coloridas, fichas, clips, pastas, cola, tesoura, saquinhos plásticos, blocos de recibo, cartões de vista e etc. Além de acesso a internet, telefone celular e um aparelho para atividades de listening (um CD player ou MP3).

Levando em consideração todas estas questões, podemos perceber que apesar de conseguirmos uma melhor remuneração, teremos que investir e trabalhar muito mais. Além de trabalhar bastante, outra questão complicada é a solidão. Os professores particulares nem sempre podem contar com outros colegas para trocar experiências, esclarecer dúvidas ou, até mesmo, bater um papo. Por isso, acredito que devemos frequentar cursos, congressos e palestras, pois além de aprendermos, também entramos em contato com outros profissionais. Ainda sobre relacionamento, acredito que os professores particulares tenham um outro problema: o desgaste da relação professor e aluno. Por trabalharmos, normalmente, sozinhos, o aluno sempre terá aula conosco, às vezes, por anos e uma possível consequência é que ou o professor ou o aluno se sintam cansados da mesmice, por mais variada que sejam as atividades.
Outra desvantagem, para a maioria dos professores de cidades grandes, é o tempo gasto com o deslocamento. Sabemos que alguns professores dão aulas em sua próprias residências, escritórios ou perto delas, mas muitos de nós nos deslocamos de uma lado a outro da cidade. Portanto, apesar de termos dado 6 horas de aula, ás vezes, ficamos quase 10 horas na rua, fora o tempo gasto com as outras funções que o professor particular precisa exercer. Caso o professor não se desloque, ou seja, só trabalhe em sua casa, não devemos esquecer que isso também pode representar um problema, uma vez que há pessoas “estranhas” circulando em sua casa e que podem tirar a liberdade de sua família, além de ser perigoso quando estamos lidando com desconhecidos.

Um outro ponto negativo, não é um problema só de professores particulares, mas da maioria de profissionais autônomos e de pessoas que têm seus próprios negócios - a instabilidade. A quantia que recebemos varia mensalmente, pois além das férias e feriados, alunos começam e encerram seus cursos a qualquer momento. Além disso, não podemos contar com nenhum benefício, tais como: décimo terceiro salário, férias remuneradas, fundo de garantia, auxílio-doença, licença maternidade/paternidade remunerada, aposentadoria, vale refeição, estacionamento, vale gasolina ou vale transporte e etc. Some-se a isto, a falta de plano de carreira. Seremos sempre professores, a não ser que resolvamos abrir uma escola, agenciar outros profissionais, pesquisar e publicar artigos.

No entanto, apesar dessas desvantagens, não precisamos ficar desesperados e simplesmente abandonarmos a idéia de aulas particulares. Gostaria de esclarecer que minha intenção não é assustar os colegas que pensam em entrar nesse mercado, muito pelo contrário, mas sou realista e meu objetivo é mostrar todas as características desse trabalho, tanto as positivas como negativas. Contudo, acredito que com um bom planejamento, como comentaremos mais adiante, viabilize ter bons rendimentos e uma vida agradável, afinal já estou na área há mais de 13 anos.

Profissionalismo

Para sermos respeitados como profissionais, outro ponto extremamente importante está relacionado a maneira como o professor lida com suas atividades. Não raro, escuto de algumas pessoas que elas se preocupam muito quando decidem ter aulas particulares, pois já tiveram ou já ouviram falar da falta de profissionalismo de alguns professores particulares. Segundo eles, alguns professores, que na minha opinião são na verdade “aventureiros”, decidem dar aulas, mas não tem nenhuma responsabilidade: faltam sem avisar e deixam o aluno esperando, cancelam várias aulas em cima da hora, chegam atrasados, não levam materiais ou equipamentos adequados ou até aqueles que cobram adiantado e depois somem com o dinheiro do aluno. A lista de reclamações é longa e provavelmente conhecida por vocês. Assim, acredito que cabe a nós, professores profissionais sérios, fazer um trabalho bem feito e defender nossa profissão.

Esta série de incidentes, que acabo de relatar, parece ocorrer devido ao fato dos professores particulares não terem a figura de um chefe ou coordenador. Entretanto, isso não significa que estamos livres para fazermos o que bem quisermos. Muito pelo contrário, devemos no mínimo respeitar nossos alunos, agindo de maneira profissional,e isto significa agir do mesmo modo como se tivéssemos um emprego em uma empresa ou em uma escola. Levando isso em consideração, nos parece fundamental um comportamento adequado. A seguir, proponho alguns pontos simples, porém problemáticos, para nossa reflexão e algumas sugestões. Algumas podem parecer óbvias, até porque, muitas vezes, usamos apenas o bom senso, contudo, acredito que alguns pontos acabem passando despercebidos por alguns professores particulares. Aos colegas que não concordam com meu ponto de vista, espero que esta discussão sirva, pelo menos, como ponto de partida para reflexões sobre suas próprias práticas.

 Assiduidade
Assiduidade? Sim! Por incrível que pareça, alguns professores simplesmente combinam, acertam todos os detalhes e não aparecem. Entendo que uma vez que conversamos com um aluno, acertamos todos os detalhes e aceitamos o trabalho, temos que cumprir com o acordo e fazer a nossa parte.
Novamente, peço desculpas se isso é muito óbvio, mas já ouvimos as desculpas mais estapafúrdias dadas por alguns professores, tais como: a aula é muito cedo e não consigo me levantar nesse horário; estava chovendo hoje de manhã, achei melhor não sair de casa; resolvi viajar de última hora e esqueci da aula; estava almoçando com amigos e perdi a hora; sem mencionar os que simplesmente desaparecem sem qualquer esclarecimento. Vocês devem imaginar que inventei esses exemplos, mas infelizmente, são relatos de alunos e amigos que ficaram inconformados com a falta de profissionalismo dessas pessoas e acabaram com uma má impressão dos profissionais sérios da área.
Entendo que por mais profissionais que sejamos, somos todos seres humanos e portanto, falíveis e sujeitos a contratempos - doenças, carro quebrado, acidentes... No entanto, as desculpas citadas no parágrafo anterior, me parecem, inaceitáveis, pois demonstram a falta de comprometimento com seu trabalho e a falta de respeito para com seu aluno.
Já para aqueles professores que precisam dispensar um aluno, seja qual for o motivo – uma proposta melhor, falta de empatia, falta de capacidade para aquele objetivo específico... – me parece mais sensato conversar com seu aluno e não desaparecer simplesmente. Entretanto, sendo essa uma situação delicada, devemos evitá-la e lembrar-nos de só aceitar aulas e alunos que tenhamos certeza que possamos atender, tanto com relação ao tempo, distância e capacidade para trabalhar com ele.


 Pontualidade
Quando encaramos nosso trabalho com profissionalismo, isto não favorece só aos alunos, que poderão contar com um bom profissional, mas beneficia à nós mesmos. Se não tivermos assiduidade e pontualidade como exigiremos o mesmo de nossos alunos?
Por experiência, sei que apesar de agendarem suas aulas, muitas vezes, os alunos acabam se atrasando por diversos motivos (reunião com cliente, chamado do chefe de última hora, telefonema, trânsito...). No entanto, como somos profissionais, que trabalham com horários e uma agenda cheia, precisamos de disciplina para atendermos à todos os alunos da melhor forma possível.

Por sempre respeitar os horários dos meus alunos, chegando no horário previamente combinado, deixo claro, desde o primeiro dia, que as aulas têm hora para começar e terminar, caso contrário atrapalhará minha próxima aula e meu próximo aluno, que não tem nada a ver com os meus atrasos anteriores. Assim, se minha aula é das 8.00hs às 9.00hs, este é o horário que estarei disponível para aquele aluno. É claro que podemos permitir atrasos de 5 ou 10 minutos, afinal pequenos imprevistos acontecem. No entanto, minha aula termina às 9.10hs, no máximo, pois, normalmente, tenho outra
aula em seguida.

Assim, só posso exigir esse rigor de meus alunos, se não chegar atrasada. Isto parece rígido demais para uma aula particular, mas cabe a nós impormos as regras para que possamos trabalhar evitando situações estressantes. Se chegarmos com 30 minutos de atraso, certamente nossos alunos também vai se achar no direito de atrasar. Saindo muito atrasada da primeira aula, você chega atrasada na segunda e fica mais uns minutos para compensar, afinal o aluno pagou 60 minutos e não 50. Quando isso acontece, professores que têm muitas aulas passam o dia atrasados, estressados e atrapalhando a agenda do seus alunos.

Sendo assim, é indispensável, que nós sejamos pontuais. Precisamos que o aluno respeite nosso trabalho e nós devemos respeitar o dele. Não podemos chegar sempre 5 ou 10 minutos atrasados, porque talvez o aluno tenha uma reunião, uma conference call, um almoço... enfim, ele se organiza para ter aula naquele horário, previamente combinado, e nem sempre pode ficar mais um tempo conosco.

Resumindo, acredito que ser pontual significa começar a aula no horário previamente agendado. Por exemplo, estar às 8hs sentada na sala de reunião esperando se aluno e não estar quase chegando, pois temos ainda que estacionar, passar na primeira recepção, pegar um crachá, esperar o elevador, passar pela segunda recepção, esperar que a secretária venha para te acompanhar até a sala de reunião e etc., ou seja, imaginem a que horas essa aula começaria.

Novamente, devemos ressaltar que como seres humanos somos falíveis e chegaremos eventualmente atrasados, mas com organização e disciplina, essa rotina funciona até mesmo para quem vive em uma cidade grande como São Paulo, como eu, que perde horas com engarrafamentos quilométricos

Por falar em início das aulas, devemos lembrar que a aula tem hora para começar e terminar e somos nós, professores, que controlamos a duração da aula e das atividades. Portanto, tenha um relógio de pulso, celular, use o visor do telefone da sala de reunião, um relógio de parede, qualquer coisa, mas é importante controlarmos o tempo. Já vi professores se estenderem por mais de 30 minutos, pois a aula estava rendendo e não perceberam a passagem do tempo. No fim da história, o aluno deixou de almoçar porque só tinha aquela meia hora para comer alguma coisa antes de uma reunião ou em outro caso, perdeu a hora e acabou levando uma multa por dirigir durante o horário do rodízio de carros (em vigor na cidade de São Paulo). Devemos nos lembrar que cabe ao professor administrar sua aula.


 Aparência
Também considero como falta de profissionalismo a maneira como alguns professores particulares se vestem para trabalhar. Isto pode não parecer importante, mas a fim de mantermos nossa postura profissional , precisamos de, no mínimo, trajes adequados. Não acredito que deva haver uma regra ou padrão, cada pessoa tem seu estilo. Entretanto, não me parece adequado frequentar um escritório vestindo camiseta surrada, shorts, jeans rasgado e sujo, blusa decotada, mini-saia ou chinelos. Afinal, estamos trabalhando e não em férias. O fato de estarmos vestidos de qualquer jeito muitas vezes reforça a idéia de alguns de nossos alunos, que já frequentemente acham que dar aula é um passatempo e nós estamos nos divertindo e não trabalhando. Além disso, devemos levar em consideração, que, normalmente, estamos em um escritório no qual circulam várias pessoas, inclusive clientes de nossos alunos, portanto, o bom senso é fundamental.

Além do vestuário, considero uma boa aparência fundamental. Entendo que o professor deva, no mínimo, ser asseado, ter o cabelo penteado, unhas limpa. Mais uma vez, sabemos que isso é óbvio, mas, acreditem não é. Outro dia, estava em um escritório e vi um professor chegando com o rosto vermelho, uma camiseta toda molhada de suor, cabelo despenteado, um moleton velho e tênis. Achei estranho, pensei que ele estivesse com algum problema – carro quebrado ou assalto... Alguns minutos depois, ouvi um comentário entre as recepcionistas sobre o caso – aquele professor tinha decidido emagrecer e portanto, não usava mais carro nem ônibus, caminhava para chegar aos escritórios de seus alunos, por isso chegava naquelas condições. Acho ótimo que aquele professor tenha decidido cuidar de sua saúde, mas imaginem o quão desagradável deve ser para o aluno ter aula com alguém com uma aparência horrível, todo suado, vermelho e com cheirinho nada agradável.

Também considero como parte da aparência nosso material de trabalho e como este é carregado. Creio que uma pasta seja adequada, não importa se de papel, plástico ou couro. Pode até ser uma mochila, desde que o material esteja protegido e não chegue amassado. Esta pasta ou bolsa não precisa ser nova, mas deve estar em boas condições. Já vi pastas rasgadas e rabiscadas que não me causaram boa impressão, pareciam ser de alguém desorganizado e não muito limpo. Referi-me a uma pasta, pois imagino que todos os colegas tenham algum lugar para levar seus materiais e não levem uma folha dobrada em quatro, toda amassada, dentro de uma bolsa e entreguem isso ao seu aluno. Óbvio? Não para alguns, pois também já presenciei essa cena lamentável.

 Local de trabalho
Para os professores que têm a sorte de poderem trabalhar em casa e assim, evitam os
deslocamentos, devemos ressaltar que existem medidas que devem ser tomadas para que possamos realizar nosso trabalho de forma profissional. Primeiramente, é importante que haja um espaço calmo e agradável para essa aula, pode ser um escritório ou mesmo uma sala de jantar. No entanto, lembre-se que seu aluno está pagando por aquela hora e merece dedicação exclusiva, portanto, evite atender telefonemas, conversar com a empregada sobre o jantar ou dar atenção aos seus filhos. Televisões ou rádios em volumes exagerados em outros cômodos ou mesmo o passa-passa de familiares para lá e para cá também devem ser evitados, pois isto pode distrair seus alunos ou até mesmo, deixá-los constrangidos. Entendo que seja ser um pouco complicado trabalhar em casa, tanto para você quando para seus familiares, que afinal estão na casa deles, mas se você escolheu este local, lembre-se que precisa demonstrar profissionalismo também.

Qualificação

Outro tema que considero muito importante e polêmico é a qualificação do professor. Assim como médicos, advogados e engenheiros precisam ter estudado e continuam se especializando, do meu ponto de vista, professores também precisariam. Para que se possa exercer uma das profissões citadas anteriormente, diplomas universitários e registros, tais como CRM, OAB, CREA são exigidos. Afinal, não é porque alguém gosta de medicina que pode trabalhar como médico ou sair prescrevendo receitas. No entanto, cursos de línguas são classificados como "cursos livres" pelo Ministério da Educação e portanto, não estão sujeitos a nenhum tipo de controle nem de registro.

Infelizmente, na área da educação, qualquer pessoa torna-se professor do dia para noite, basta que tenha um conhecimento mínimo de uma língua estrangeira. Digo, infelizmente, porque profissionais que passaram anos estudando, se dedicando, investindo tempo e dinheiro, são obrigados a dividir o mercado com pessoas desqualificadas profissionalmente e despreparadas para encarar a profissão. De qualquer maneira, vale esclarecer que também há muitas pessoas com vários certificados e diplomas, mestrados, e doutorados que são péssimos professores e, por outro lado, bons profissionais sem nenhum certificado específico. Portanto, me parece que também devemos considerar a habilidade adquirida, demonstrada e comprovada.

Em minha opinião, um professor de idiomas precisaria ter competência na língua e na cultura, ou seja, precisa ter estudado sua área específica para dominar o idioma (gramática, sintaxe, discurso, fonética e fonologia, literatura e cultura), qualificação acadêmica, através de um curso de graduação em Letras ou Pedagogia ou cursos profissionalizantes para que assim, possa ter estudado e tenha consciência das técnicas de ensino, didática, metodologia, psicologia da educação e etc.Estes seriam os pré-requisitos básicos para que uma pessoa pudesse se tornar professor.

No entanto, como disse anteriormente, sabe-se que existem excelentes professores provenientes de outras áreas. Sendo assim, a falta de graduação não significa que estrangeiros ou pessoas com outras formações ou até sem nenhum curso superior não possam vir a se tornar bons professores. Felizmente, para aqueles que não tiveram uma formação específica para professores, há vários cursos de curta e longa duração que preparam o falante de um idioma para não só utilizá-lo de maneira correta e adequada, mas também para que esteja apto a ensiná-lo, pois tão importante quanto o domínio do idioma é uma base teórica sobre o ensino de línguas estrangeiras e discussões de técnicas e metodologias. Tais cursos podem ser facilmente encontrados tanto em forma de pós-graduação como cursos de treinamento para professores oferecidos por alguma escolas de idiomas especializadas.

Devemos ressaltar que o fator qualificação é fundamental, nos dias de hoje, pois, ao contrário de antigamente, que se acreditava quem um bom professor era aquele que tinha um dom, nos dias de hoje, acredita-se em treinamento, conforme podemos observar na resposta de um professor quando perguntado sobre essa questão em uma entrevista publicada no website de uma editora: “Ensinar é uma profissão ou predestinação?” e “Um professor já nasce professor ou aprende a sê-lo?”. Vejamos as respostas:
“Eu diria, de maneira enfática, que professores se transformam. Há algumas qualidades que as pessoas têm que podem levá-las ao ensino. Mas, por um bom tempo, nós fingimos que ser professor era uma inclinação natural, que algumas pessoas têm e outras não. Este pensamento permitiu que fossemos não tão eficientes na educação de um professor quanto deveríamos. Sabe-se, agora, (e há muitas pesquisas sobre o tema) que as pessoas podem aprender a ensinar se elas forem ensinadas a fazê-lo de uma maneira adequada. Portanto, acho que professores aprendem a ser professores”. Donald Freeman

Mesmo a qualificação através dos cursos de formação ainda não é suficiente. Atualmente, qualquer profissional precisa estar em constante aprendizagem, desenvolvimento, atualização e reciclagem: seja para aprimorar seus conhecimentos do idioma com o qual trabalha, seja para estar atento as novas tendências, técnicas, metodologias de ensino e materiais. Com relação ao idioma, precisamos de cursos, pois o fato de termos um diploma de proficiência ou termos morado no exterior, não impede que nossas habilidades acabem se deteriorando com o tempo, principalmente, professores que não têm contato frequente com outros falantes fluentes e acabam só utilizando o idioma com seus alunos. Para essa reciclagem, podemos procurar boas escolas de idiomas, que tenham cursos de níveis avançados, oferecidos aos professores, pois são preparados especialmente para atender nossas necessidades.

Já com relação ao trabalho do professor, sabe-se que várias pesquisas têm sido desenvolvidas, seus resultados apresentados e novas reflexões propostas acerca de metodologias e diferentes práticas. Para essa atualização, podemos utilizar os cursos desenvolvidos por escolas especializadas e também os workshops, palestras e mini-cursos, oferecidos tanto por editoras e livrarias quanto por associações de professores regionais, nacionais e internacionais. Tais encontros nos proporcionam a oportunidade de podermos participar de discussões pertinentes ao ensino e aprendizagem, ter acesso aos novos materiais e também trocar experiências com outros colegas. Felizmente, há eventos durante o ano inteiro, alguns pagos, mas muitos gratuitos. Além destes cursos e palestras, também podemos contar com uma série de artigos e publicações encontrados em sites e revistas de editoras e associações de professores. A atualização e reflexão sobre nossa prática é essencial, como percebe-se pela resposta da professora Raimes em uma entrevista:
“Eu trabalho muito com treinamento de professores. Acho que eu diria que o professor se forma (...) Pessoas que querem ensinar, podem aprendê-lo. Eu tenho ensinado por anos, mas ainda estou aprendendo. Eu mudo o que faço, não dou aulas das mesma maneira que dava em 1970. Portanto, acho que estamos todos aprendendo, todos mudando. Acho que a resposta tem que ser o professor se forma, porque eu ainda estou em formação”.

Outro ponto importante a ser considerado em nossa formação é a especialização, que está relacionada às demandas do mercado de ensino de idiomas. Hoje, muitas pessoas já têm o domínio de uma língua estrangeira, mas precisam se aprimorar nas suas áreas específicas, tais como direito, medicina, economia e etc. ou precisam prestar exames nacionais e internacionais que atestem sua proficiência. Sendo assim, um professor que tenha conhecimento de uma dessas áreas poderá se destacar dos outros profissionais e com isso, conseguir mais alunos. Devemos nos lembrar que por mais pesada que já seja nossa carga horária ou a falta de recursos financeiros, ao nos especializarmos estaremos investindo em nossas carreiras. Há diversas opções e cursos, tais como: linguagem específica de determinada profissão (direito, economia, medicina, hotelaria, turismo...), diversos exames de proficiência (FCE, CAE, CPE, TOEFL, IELTS, BEC e etc), reforço escolar para colégios, aulas diferenciais para crianças, adolescentes, idosos, portadores de alguma deficiência (visual, auditiva, dislexia, DDA – déficit de atenção) e etc. O ideal é escolhermos uma área que tenhamos mais afinidade, pesquisarmos sobre o assunto e nos especializarmos. Note que o contrário muitas vezes ocorre também - por terem muitos alunos de uma determinada área, os professores acabam estudando muito para preparar suas aulas e atender às necessidades dos alunos que acabam se especializando sem perceber.

No meu caso, entrei em contato com inglês jurídico, porque a escola para qual eu trabalhava estava começando a desenvolver essa área. Tive que estudar bastante para atender aos alunos da escola. Quando comecei a trabalhar sozinha, percebi que seria interessante me especializar e comecei a pesquisar e estudar. Fiz alguns cursos, participei de palestras, workshops, pesquisei na internet, comprei livros e dicionários, preparei exercícios e até publiquei um livro com exercícios de inglês para advogados – English just for Lawyers. Hoje, devido a essa especialização, há vários alunos que me procuram para ter aula, porque ofereço uma aula mais específica. Vale destacar também que nem sempre esses alunos estão interessados em inglês jurídico, mas são conhecidos que acabam recomendando meu trabalho, ou seja, uma especialização nos proporciona muitas possibilidades.

Outra especialização mais recente, foi a de preparatório para exames. Devido a procura de alunos interessados em assistência para uma prova de proficiência internacional, exigida para candidatos aos cursos de mestrados na Europa, comecei a pesquisar mais sobre o assunto. Li muito a respeito, comprei livros, estudei o funcionamento da prova, participei de workshops e hoje, tenho possibilidade de atender também à essa demanda. Já trabalhei com vários alunos, que alcançaram ótimas notas no exame, e por terem gostado do resultado, me indicaram para outros alunos. Assim, tive a oportunidade de expandir meu mercado de trabalho.

Área adminstrativa

No início deste trabalho, foi dito que um professor particular precisa além de dar boas aulas, ser o encarregado da área administrativa, mas muito de nós, não sabemos muito bem o quê e como fazer. Segue uma série de sugestões baseadas em experiências minhas e de colegas que têm sido eficientes. Devemos frisar que não são regras que devem que ser adotadas e que funcionam 100% para todos os profissionais, são apenas sugestões.

 Planilha
Para que possamos organizar nosso horário, precisamos criar uma planilha. Assim,
saberemos onde estamos a todos os momentos. Este é um passo simples, mas interessante, pois professores particulares costumam estar em vários locais em dias e horários diversos. Primeriamente, podemos incluir os dias da semana, horários, nomes dos alunos, tempo de deslocamento e outros compromissos, como pode ser visto na ilustração:
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado
6.30 – 7.00
deslocamento 7.45 – 8.00
7.00 – 8.30 deslocamento
Aluno/empresa 8.00 – 9.00
8.30 – 9.00 Aluno/empresa
deslocamento 9.00 – 9.15
9.00 – 10.00 deslocamento
Aluno/casa 9.15 – 11.30
10.00 – 10.45 Preparar
deslocamento
10.45 – 12.30 Aula
Preparar aula 11.20 – 12.00
Almoço Deslocamento
12.30 – 13.00 12.00 – 13.00
deslocamento Aluno/empresa
13.00 – 14.00 13.00 – 14.00
Aluno/empresa Aluno/empresa
14.00 – 15.00 14.00 – 14.40
Deslocamento Deslocamento
15.00 – 16.00 14.40 – 16.10
Aula/ casa Almoço/tempo
16.00 – 16.30 16.10 – 16.30
Deslocamento Deslocamento
16.30 – 18.00 16.30 – 17.30
Seu tempo Aluno/casa
18.00 – 18.30 17.30 – 18.30
Deslocamento Deslocamento
18.30 – 20.00 18.30 – 19.30
Aula/empresa Aluno/empresa
20.00 – 20.30 19.30 – 20.00
deslocamento deslocamento

Com base nessa planilha, acho que pôde ser demonstrado o quão pesado é um dia na vida de um professor particular. É claro que fizemos um dia cheio, porém cabe a cada professor limitar o número de aulas dadas por dia de acordo com sua disponibilidade e rotina. Observem que, de acordo com essa planilha, apesar de termos atividades das 7hs da manhã às 20hs, às segundas-feiras, só conseguimos dar 6 horas de aula, pois perdemos bastante tempo com deslocamentos, ou seja, devemos nos lembrar de não agendarmos muitas aulas no mesmo dia, pois se tivermos que nos deslocar muito, o dia pode ser muito cansativo.

Outro horário a ser reservado é o de seu trabalho extra-aula, que pode ser tanto para preparação de aulas quanto para exercer aquelas outras funções administrativas, já discutidas. O professor precisa ter esse horário reservado durante o dia ou acaba dando aulas o dia inteiro, chega tarde e cansado em casa e precisa trabalhar mais para resolver essas questões.

Também, pode ser observado que reservei um horário para almoçar. Em minha opinião, isso é fundamental, contudo, muitos professores na ânsia de conseguirem mais alunos e poderem aumentar seus rendimentos, acabam acumulando uma carga horária muito pesada, se descuidam e nem lembram que precisam de uma rotina saudável como qualquer outro profissional. Conheço um professor que dá aulas particulares em três cidades no interior, manhã, tarde e noite, das 7hs as 22hs direto e seu almoço é um sanduíche durante sua viagem de trem. Imaginem como este profissional, que é super dedicado, se sente no fim do dia: exausto.

Além do cuidado com a saúde, acho importante não esquecermos que também é necessário um horário para nós mesmos - academia, curso, música, leitura, cinema e etc. Também, temos nossa vida social e não podemos esquecer que precisamos de tempo para nos dedicarmos à nossa família, atividade com marido, filhos, parentes, amigos e etc.

Ainda com relação à planilha, podemos notar o quão variada é nossa rotina ou falta dela, pois no caso deste professor, seus horários de segunda são bem diferentes de às terças-feiras. No entanto, apesar de mais um dia cheio, houve espaço reservado para almoço, descanso e preparação de aulas.


 Agenda
Depois de termos criado uma planilha, me parece fundamental que o professor particular trabalhe com uma agenda. O motivo é simples, pois por melhor que seja nossa memória e apesar da organização de nossoa horários com a planilha original, certamente, haverá uma variação frenquentemente, pois aulas são canceladas, alunos entram em férias, oferecemos aulas extras, reposições e etc.

Novamente, voltamos a questão do profissionalismo, pois com um horário tão diferenciado, é comum que o profissional se confunda com seus horários o que não causaria uma boa impressão ao seus alunos. Portanto, planilha e agenda são importantes para que evitemos os seguintes casos: professores que esquecem que tinham marcado uma aula, assim também como casos em que o professor foi até o escritório porque tinha esquecido que seu aluno havia desmarcado e acabou perdendo tempo e dinheiro.

 Cadastro
A maioria dos professores particulares costuma trabalhar sozinho e de maneira bem
informal. Sabemos quem são nossos alunos, temos o telefone de uns gravados nosso celular, outros em uma agenda ou na ficha do aluno e tem até aqueles que já decoramos e nem sabemos onde estariam anotados. No entanto, esquecemos que somos falíveis como todos os seres humanos e quando descobrimos isso, já é tarde demais.

Emergências e acidentes acontecem, mas nem por isso devemos deixar nossos alunos esperando sem dar nenhuma satisfação. Eles precisam ser avisados do cancelamento de aulas e eventualmente de nosso problema. Contudo, isso só é possível se tivermos um cadastro de nossos alunos que seja de fácil acesso aos nossos familiares ou amigos.

Infelizmente, já fui hospitalizada por duas vezes em situações emergenciais. Na primeira, eu não tinha uma lista de meus alunos e mesmo em uma cama de hospital, com dores, tive de me lembrar de todos os alunos, telefones e e.mails para que fossem contactados. Afinal, não podia deixá-los esperando sem nenhuma explicação por semanas. Depois dessa experiência, eu aprendi a lição e na segunda vez que tive um problema de saúde e fui hospitalizada novamente, consegui resolver o problema de forma bem mais simples e fácil. Os contatos com os alunos foram mais fáceis, pois havia uma relação de todos eles, seus telefones, endereços e emails. Minha única preocupação foi dizer ao meu marido onde ela estava. Portanto, acredito que é imprescendível que tenhamos um cadastro com todos os alunos em local de fácil acesso - agenda, arquivo no computador, celular. Deve-se ressaltar, contudo, a importância de uma frequente atualização de nossos contatos.

 Ficha do aluno
Além de um cadastro geral, como comentamos no trecho anterior, também é interessante e funcional que cada aluno tenha uma ficha. Nas primeiras linhas de cada ficha podem constar o nome do aluno, endereço, telefones, e.mails, dias e horários das aulas, nível do aluno e material utilizado. Tal ficha é importante, tendo muitos alunos, fica impossível lembrarmos das particularidades de cada um, principalmente no início das aulas.

A ficha pode ser utilizada em todas as aulas. Ao final de cada aula, cabe ao professor, anotar o dia em que a aula foi dada e o conteúdo. Alguns professores pedem que os alunos assinem ao lado. Essa é uma maneira organizada e eficiente de relatório tanto do conteúdo quanto do número de aulas dadas. Com esse registro, o professor pode checar o que foi trabalhado nas aulas anteriores, facilitando assim a preparação para a próxima aula, ao invés de confiar apenas em sua memória como fazem
alguns professores.

O preenchimento da ficha aula a aula na frente do aluno e a assinatura deles também facilita a cobrança das aulas, pois evita qualquer problema com relação ao número de aulas dadas. Segue abaixo exemplo dessa ficha:
Aluno: Empresa:
Endereço: Telefones:
Email:
Nível/material: dias/horários:

data Conteúdo assinatura
15/02 Unidade 1 (discussão sobre o tópico, vocabulário, gramática, listening)

















Área financeira

“A aula começa, a aula termina, e nada de manifestações pró-pagamentos como pegar a carteira (...) Muitas vezes a preocupação nem nos deixa concentrarmos no trabalho, e apesar de existir uma idéia generalizada (na própria cabeça dos professores), de que professor não deve se preocupar com assuntos mundanos, como dinheiro, muito menos tocar no tema e melindrar a sagrada relação que temos com nossos alunos, o problema “pagamento” existe e é importante saber como lidar com essa situação” Manual de Sobrevivência para o professor particular


Infelizmente, o professor particular também é responsável por este departamento. Por mais que seja difícil, delicado ou até mesmo constrangedor lidar com a situação de cobrar o seu aluno, não podemos nos intimidar: prestamos um serviço e devemos receber por ele na data combinada. É por isso que a preservação do caráter profissional do professor é importante, pois isto nos ajuda no momento em que precisamos exigir nosso pagamento, ou seja, mesmo que tenhamos uma boa relação com nossos alunos, precisamos deixar claro que estamos trabalhando e esperamos receber um pagamento pelo serviço prestado. E como fazer a cobrança sem prejudicar nossa relação professor-aluno?


 Formas de cobrança

Há diversas maneiras para fazermos uma cobrança. Vejamos algumas delas, a seguir:
 Para os mais diretos, ao final de sua aula, lembre ao seu aluno que é dia do pagamento, façam as contas juntos e receba o pagamento de seus honorários.

 Para aqueles que têm uma certa dificuldade para lidar com esse assunto, alguns dias antes da data combinada, podemos mandar um e.mail ao aluno, uma espécie de lembrete, descrevendo o número de aulas, o valor e a data combinada.

 Há ainda uma terceira maneira, tenha um parceiro - alguém com quem você possa contar e peça para que esta pessoa faça o trabalho. Deixe claro para seu aluno que você está muito ocupado com suas aulas e que tal pessoa (marido, irmão, mãe, assistente...) ficará encarregada de cobrança e recebimento.


 Formas de pagamento

Primeiramente, esse assunto deve ser discutido e determinado no momento em que o aluno aceita ter aulas particulares com você. Não existe um modelo a ser seguido, pois há várias possibilidades, como podemos ver a seguir:

 Pagamento antecipado: contamos quantas aulas o aluno terá no mês e ele paga esta quantia. Por exemplo, um aluno que optar por duas aulas por semana: contamos o número de aulas que ele terá naquele mês, descontando feriados, por exemplo. Contudo, nem sempre os alunos estão dispostos a pagar antecipadamente; uma vez que, infelizmente, todos conhecem histórias de alguns “aventureiros” disfarçados de professores que fazem a cobrança e desaparecem com o dinheiro sem dar satisfação.

 Pagamento pós prestação de serviço: em uma data combinada previamente entre professor e aluno, contamos o número de aulas dadas no mês nos utilizando do registro em ficha do aluno. Há um grande número de professores que trabalham com esse sistema, porém, note, que há pessoas de má fé que podem se recusar a fazer o pagamento após as aulas. Apesar disso ter acontecido uma única vez comigo em muitos anos, o professor que aceita esse tipo de pagamento assume um risco.

 Mensalidade: independente do número de aulas do mês (pode ser variável dependendo do número de semanas no mês, dos feriados e dos cancelamentos), estipula-se um valor fixo. É um bom método para o professor, pois é uma garantia de receber o mesmo valor todo mês, mas há desvantagens como em todos os sistemas: em meses longos, de cinco semanas, chegamos a dar 25% a mais do número de aulas e não podemos cobrar um valor extra. Além disso, nem todos os alunos aceitam esse método, pois muitos argumentam que preferem pagar por hora pelo serviço prestado. Os alunos entendem que por não estarem em uma escola, não se sentem obrigados a pagar uma mensalidade. Entretanto, caso optem por esta forma, devemos lembrar que a mensalidade ainda pode ser cobrada antes das aulas serem dadas ou depois.


 Pagamento pelo curso: o professor determina um número de horas para que aquele objetivo seja alcançado e estipula um valor. Alguns professores até dividem o pagamento em algumas parcelas e aceitam cheques pré-datados. Nesse caso, o professor tem seu pagamento garatindo, porém, creio que seja difícil avaliar o número de horas exatas a ser utilizado. Uma vez que são aulas particulares, é interessante que possamos trabalhar com o ritmo de cada aluno. Não saberia como proceder se o número de aulas pagas já acabou, mas ainda não atingimos nossa meta inicial. No entanto, acho uma proposta interessante e deixo como sugestão.

 Pagamento aula a aula: dificilmente utilizado e mais comum para aulas eventuais (como reforço para alunos às vésperas de provas) do que para cursos. Exige-se o pagamento ao final de cada aula.


 Data do pagamento

Acredito que a maioria dos professores estipule uma data e faça um acordo com seu aluno para o pagamento. Entretanto, alguns alunos acabam atrasando ou até pedindo alguns dias de prazo e ficamos diante de uma situação delicada e embaraçosa. Levando isso em consideração, ao invés de estipular um dia para o pagamento, em minha primeira reunião, eu pergunto qual o melhor dia para que o aluno efetue o pagamento e assim, determinamos o dia para acertarmos nossas aulas. Tomei esta decisão a algum tempo, pois estava lidando com pedidos de alunos para não depositar, segurar o cheque e esperar alguns dias, apesar de já termos combinado que seria no quinto dia útil do mês, por exemplo. Para evitar este transtorno, pois às vezes estamos contando com o dinheiro para aquele dia e não queremos ser desagradáveis com os alunos, deixo que eles determinem o melhor dia para o pagamento. Assim não tem desculpa e consigo saber exatamente os dias nos quais efetivamente receberei.


 Comprovação de pagamento
Ao receber o pagamento, é importante entregar ao seu aluno um comprovante do
recebimento. Isto pode ser feito via recibo simples, especificando o valor pago, referente à quais aulas e a data ou pode ser mais elaborado, tais como RPA (Recibo de Profissional Autônomo) ou Nota Fiscal. Sendo que para este último caso, é necessrio ter uma empresa aberta e um contador que adminstrará tais questões. Este recibo é solicitado, normalmente, por alunos que têm seus cursos pagos por empresas que precisam das notas fiscais.

 Valores
Outra questão bastante discutida é o valor a ser cobrado. Mais uma vez, não há regras. Já vi de tudo - de R$ 10,00 a R$ 300,00 a hora/aula. Este valor depende de uma série de fatores, tais como: preço cobrado em sua cidade, horário das aulas (nos horários de pico, como começo da manhã, hora do almoço e fim de tarde, cobre mais e dê descontos para os alunos que puderem ter aulas nos horários que são mais difíceis de serem preenchidos), local (considere se é próximo de sua residência, de fácil acesso, quanto você gasta para se deslocar com meios de transporte, se há estacionamento gratuito, quanto tempo gasta para se deslocar), se é o primeiro aluno na empresa (dê um desconto para o primeiro, pois este pode te indicar colegas).

Além destas questões práticas, também devemos levar em conta nosso conhecimento: competência linguística e experiência profissional. É importante fazermos uma auto avaliação: Que tipo de professor sou? Fiz algum curso na área de educação? Tenho certificado comprovando o nível de proficiência? Tenho alguma especialização? Que tipo de aulas dou (só trabalho com alunos de nível básico, sou capaz de lidar com nível avançado, preparo para exames, dou cursos em áreas específicas?) Já morei e estudei no exterior? Quanto tempo tenho de experiência profissional? Qual meu público alvo (recepcionistas ou diretores de uma empresa?) Todas estas questões relacionadas a nossa qualificação devem ser levadas em conta, afinal quanto mais investimos em nossa carreira e mais experiência temos, podemos cobrar um valor maior para nossos honorários. De qualquer maneira, o principal é que o professor se valorize.
Vamos considerar algumas situações:
 Um professor que não tenha muita experiência, esteja começando sua carreira, só dê aulas para níveis básico e pré-intermediário e seu público seja composto por secretárias e recepcionistas – Este profissional não poderá cobrar um valor muito alto, pois há centenas de outros professores de inglês que dão aulas para o básico, então a concorrência é muito grande e seu público alvo não tem condições de pagar um valor muito alto.
 Um professor que tenha proficiência comprovada da língua, experiência de alguns anos, dê aulas para níveis avançados ou até especializados e seu público alvo seja composto por diretores, advogados, economistas, médicos, por exemplo. Por haver uma carência de profissionais especializados a disposição no mercado para esses níveis e essas áreas, pode-se cobrar mais. Além do fato de seus alunos terem mais recursos e poderem pagar mais.

Ainda com relação à valores, outro ponto bastante difícil para nós professores particulares está relacionado ao reajuste de nossos honorários. Novamente, podemos nos sentir contrangidos ao sentirmos a necesidade de comunicarmos um aumento no valor da hora-aula. Como fazer sem parecer que somos mercenários? Creio que uma conversa franca com seu aluno seja uma boa solução, porém, há outras maneiras também. Acho que para aqueles professores que têm certa dificuldade em lidar com o assunto, podemos utilizar um e.mail. Podemos preparar um comunicado para nossos alunos (lembre-se, contudo, de mandar e.mails sempre com cópia oculta, pois não devemos divulgar os dados de nossos alunos a outras pessoas). É claro que isso não pode ser feito com frequência – talvez uma ou duas vezes por ano, cabe a cada professor essa decisão.

 Cancelamentos
Conheço professores que não admitem nenhum cancelamento e cobram todas as aulas, mesmo as canceladas com bastante antecedência. É totalmente aceitável que o aluno possa cancelar suas aulas, afinal um dos motivos pelo qual a maioria dos alunos nos procura é a flexibilidade. Não aceitar que um aluno precise desmarcar seu horário com uma semana de antecedência, porque tem uma consulta médica ou uma viagem de negócios, por exemplo, não me parece nada flexível. Aliás, na minha opinião, o mais absurdo é que esses mesmos professores vivem cancelando suas aulas e deixando o seu aluno esperando. Acho que a regra é válida para as duas partes: tanto aluno quanto professor precisam de um pouco de flexibilidade. Porém, regras são necessárias para que seu aluno não abuse e você acabe com o horário trancado e sem seu pagamento.

Posto isso, me parece que os cancelamentos são um ponto importante a ser considerado quando planejamos nosso orçamento. Se você é um professor que permite que os seus alunos cancelem e não paguem, tome cuidado! Por mais dedicados, bonzinhos e legais que sejam, seus alunos irão cancelar, seja por doença, cansaço, trabalho ou, até mesmo, preguiça. Caso cobre por aula, isso significa que você não receberá o valor referente a 100% das aulas que estava planejando e contando com essa remuneração. Por exemplo, supondo que você tenha 20 alunos e cada um deles cancele uma única vez no mês, isso já representa uma quantia muito alta no fim do mês. Portanto, é recomendado que os professores particulares previnam-se limitando o número de cancelamentos e a antecedência tolerada.

Minha sugestão é que deixemos bem claro quais são as regras na primeira reunião. Estipule que só um número x (25%, por exemplo) das aulas possam ser canceladas e desde que o aviso seja feito com x (12, 24, 48horas) horas de antecedência e depois, cabe ao professor cumprir com o combinado. Não podemos ter dó dos aluno – “coitado! Ele não teve culpa! Teve uma reunião de emergência” – Não estou dizendo que devemos ser mercenários, mas uma vez que este é o nosso trabalho e que temos um acordo, devemos exigir que seja cumprido, pois se permitirmos que isso aconteça uma primeira vez, corremos o risco que esse aluno jamais cumpra o acordo e seremos prejudicados.
Dessa forma, mais uma vez, ressalto a importância de sermos profissionais, pois só assim temos moral para exigirmos o cumprimento de nosso acordo.

É importante ressaltar também que se tal acordo com o aluno permitir cancelamentos com 24hs de antecedência, devemos cobrar por uma aula que tenha sido avisada com tempo menor que o estipulado. O mesmo vale para aquelas aulas em que seu aluno não pôde comparecer. Regra é regra!

 Contrato
Sei que alguns professores particulares trabalham com contratos formais a fim de terem algum tipo de garantia com relação ao pagamento e cumprimento de regras. No entanto, apesar de considerá-la uma ótima idéia, já tentei este método e não consegui fazer com que os alunos assinassem o contrato. Muitos não querem se comprometer e por estarem contratando um professor particular, preferem um acordo mais informal. De qualquer modo, fica a dica de alguns professores que conseguiram, com sucesso, a implantação destes acordos.
Para aqueles que não conseguirem firmar um contrato formal, vale a dica de Rosa e Franco:
“No primeiro dia de aula (...), passe por escrito ao seu aluno as condições gerais do curso. Neste documento detalhe todos o dados da negociação feita como: valor hora/aula, dia de pagamento, cancelamento de aula com quanta antecedência deve ser feito para que a aula não seja cobrada (...)” Manual de Sovrevivência para o professor particular de idiomas.


Marketing/Relações Públicas

Outro ponto fundamental para o professor particupar é a divulgação de seu trabalho, caso contrário é difícil que os alunos nos procurem. Embora muitos professores digam que não sabem lidar com o marketing e admitam ter vergonha de fazer propaganda da própria prestação de serviços, devemos tentar utilizar todas as formas possíveis de divulgação para podermos atrair a maior quantidade de alunos possíveis, dentro do que podemos atender.

Para quem está começando do zero, o trabalho é um pouco mais árduo, pois a propaganda mais eficiente é feita através da recomendação de seus próprios alunos. Precisamos, contudo, encarar o desafio e começar a aumentar o número de alunos aos poucos.Vejamos algumas maneirasde divulgação de nosso trabalho:
 tenha cartões de vista sempre à mão – nunca se sabe quando a oportunidade pode surgir.
 distribua panfletos no seu prédio ou na sua vizinhança
 envie e.mails aos seus familiares, amigos e conhecidos – caso eles não precisem de aulas, podem conhecer alguém que esteja interessado
 anuncie em jornais de bairro ou de escolas e revistas
 cadastre-se em sites oferecendo suas aulas
 coloque cartazes em murais de escolas e faculdades
 mande material de divulgação para os escritórios, consultórios, hotéis e etc, dependendo de seu público alvo específico

Já com relação aos professores que tenham vários horários preenchidos, mais uma vez, lembramos o quão importante é a propaganda que nossos alunos podem fazer, pois eles são os nossos maiores divulgadores, pois a maioria das pessoas interessadas em professores particulares, normalmente, pede a indicação a quem já é aluno. Portanto, lembre-se que além de ser um bom professor, precisamos ser “diferentes” e ir além das expectativas a fim de surpreender, conforme André Marques e Cláudia Valéria Lopes propõe no artigo “Construindo relacionamento com alunos e vencendo a concorrência”:

“E como devemos agir para “ser diferente”? Criando vínculos fortes e pessoais com o cliente, de forma que ele não deseje conhecer o serviço da concorrência (...) Este processo de “fidelização” é extremamente complexo e difícil, pois se baseia na criação de constante e sucessivos “momentos mágicos” (...) nos quais você com um serviço de elevado nível consegue superar positivamente as expectativas do cliente gerando surpresas positivas” New Routes 33


Devemos lembrar também que mesmo tendo conquistado nosso aluno, precisamos estar atentos a todos os momentos, pois alguns alunos acabam prorrogando o recomeço de suas aulas após suas férias ou das festas de fim de ano. O ideal é que entremos em contato, por telefone ou e.mail.

Após a divulgação do trabalho, tanto pelos nossos esforços ou da ajuda de nossos alunos, espera-se algum retorno, mesmo que, normalmente pequeno. Portanto não se surpreenda se após a distribuição de mil panfletos, receber apenas cinco ligações. É assim mesmo. Ao contato dos interessados, responda suas perguntas, mas, se possível, procure agendar uma reunião, assim poderá apresentar seu trabalho de uma forma melhor, mais clara e organizada.

Para a reunião, lembre-se das dicas sobre profissionalismo, capriche na aparência, seja pontual e organizado com seu material - isso causa uma boa impressão aos alunos. Leve um informativo por escrito descrevendo seu trabalho, suas qualificações e experiência, nada muito longo, mas frases curtas e em destaque e convença seu futuro aluno que o que importa é a experiência do professor e não o nome de uma escola. Leve também um dos livros que costuma utilizar, assim também como uma amostra de seus materiais extras (artigo de revista, música, exercícios, jogos).

Devemos nos lembrar que este é o momento para convercermos esta pessoa a contratar nossos serviços. Sendo assim, é importantíssimo mostrar nosso diferencial, dizer que em nossas aulas podemos nos dedicar inteiramente a ele e assim podemos apresentar soluções customizadas, respeitando o ritmo, a necessidade e o interesse dele.

Podemos até demonstrar a importância de aulas particulares nos amparando em artigos
sobre o assunto, como em “Como escolher um programa de inglês” de Schütz:
“Na escolha de um programa de treinamento em inglês, evite o ensino padronizado em pacote, aquele normalmente comercializado por meio de redes de franquia. É notório o fato de que diferentes pessoas têm diferentes ritmos de assimilação. Portanto, qualquer marcha predeterminada tipo Livro 1, Livro 2 dificilmente vai se adaptar de forma ideal às características individuais de cada um. Procure sempre um trabalho sob-medida, não seriado, que respeite o ritmo de assimilação de quem precisa de mais tempo e que saiba explorar o talento dos mais rápidos. Além disso, diferentes pessoas têm diferentes interesses e diferentes necessidades. A eficácia do treinamento será maior se as atividades forem adaptadas às necessidades e aos interesses específicos de cada grupo e de cada aluno” English Made in Brazil

Podemos também dizer que nossa dedicação não se limita às aulas e que estaremos à disposição para atendê-lo, caso surjam dúvidas na elaboração de um email urgente a um cliente estrangeiro, por exemplo. Pode-se enfatizar também que o aluno não perde tempo com deslocamento (caso você vá até o aluno dar aula, este é um bom diferencial em cidades grandes e com muito trânsito). É claro, que estas são apenas sugestões, mas lembre-se de não fazer propaganda enganosa - só prometa o que realmente possa cumprir, principalmente, quando o aluno pergunta se em 6 meses estará falando um idioma, explique a ele que isso não é possível e ampara-se em outros autores e opiniões, como as que seguem:
“Qualquer promessa ou garantia de proporcionar fluência em determinado tempo, é enganosa por natureza, uma vez que o ritmo de desenvolvimento de proficiência em língua estrangeira pouco depende do método de ensino empregado.” English Made in Brazil.

Com relação a questão de pagamentos, lembre-se que ao discutir valores, não deixe de se valorizar. Comente sobre suas qualificações, experiência e comprometimento. Combine e anote o valor, a forma e o dia de pagamento. Avise sobre suas regras de cancelamento e esclareça todas as questões para que não haja dúvida alguma.Um sugestão é oferecer um porcentagem, 10%, por exemplo, no mês em que este aluno te indique uma outra pessoa que fechar o curso. Assim, você consegue uma outra forma de divulgação.

Caso o professor seja bem sucedido com sua divulgação e já tenha conseguido o número de alunos que esperava e ainda assim, receba ligações, explique que no momento sua agenda está lotada, mas anote o nome e telefone de contato. Afinal alunos podem desistir a qualquer momento e assim, podemos preencher a vaga futuramente.

Organização

Devido ao acúmulo de funções, ao fato de darmos várias aulas por dia e não termos muito tempo para sua preparação, do meu ponto de vista, é fundamental que o professor seja organizado, facilitando, assim, quando precisamos encontrar algo e não temos tempo para procurar. Caso você não tenha um escritório, reserve um espaço de sua casa para seu trabalho - uma estante, algumas prateleiras ou gavetas. Conheci alguns professores que trabalhavam de uma maneira que me pareceu interessante e prática, após adotá-la, percebi que minha rotina ficou mais fácil devido à algumas medidas muito simples. Vejamos algumas delas:

 Separe os livros que está realmente utilizando agora dos outros de sua coleção. Assim, você não perde tempo procurando o volume que precisa para dar sua aula no meio de todos os outros.
 Coloque os livros em uma sequência lógica: coleções, níveis, livros de atividades extras, fotocopiáveis, gramáticas, dicionários, leitura e assim por diante
 Organize todas as folhas soltas. Separe também por níveis e conteúdo e coloque em pastas. Além disso, caso você tenha várias folhas soltas a respeito do mesmo material, pode colocá-las todas juntas em um saco plático e nomeá-lo, por exemplo: exercícios de preposições ou artigo de jornal – conversação – nível intermediário. Depois de separá-los por temas, coloque-os em uma pasta. Os sacos plásticos e pastas arquivos são uma ótima escolha, pois além de conservarem o material, facilitam a busca da aulas ou dos exercícios que precisamos.
 Os sacos de plásticos também podem ser usados para organização de suas aulas. Quando preparamos uma aula, normalmente, procuramos materiais extras para complementação do livro. Ao preparmos um aula, podemos fazer uma cópia do material que preparamos ou dos exercícios fotocopiáveis e downloads gratuitos da internet, utilizamos uma cópia com o aluno e deixamos uma outra em um saco plástico arquivado para uma próxima re-utilização. Para tanto, basta colocarmos uma etiqueta (por exemplo: livro X, unidade 1) e todos os saquinhos do livro X podem ser guardados na mesma pasta. Dessa maneira, não precisamos preparar a mesma aula várias vezes.

É claro que cada aluno é diferente, tem necessidades específicas de aprendizagem tanto quanto objetivos, mas facilita ter um bom material de apoio que você possa utilizar um ou outro exercício, jogo ou música, conforme afirmação de Graves:

“Professores experientes, normalmente, desevolvem um conjunto de materiais e atividades base e as adaptam todas as vezes que derem suas aulas”. Teachers as Course developers

Curso

Na primeira parte deste trabalho, os assuntos se limitaram as diversas funções do professor particular, tais como: administrativa, financeira, marketing e etc. Considerando que o trabalho do professor particular é solitário e que nem sempre há oportunidades de troca de experiências com outros colegas, nesta segunda parte nos dedicaremos aos assuntos referentes às questões pedagógicas. Contudo, devemos ressaltar que este livro não é um manual de como se dar aulas, pois para isso, há uma série de cursos específicos, como já discutimos anteriormente. Minha proposta é, basicamente, expor alguns problemas e sugestões baseadas tanto em minha experiência como em algumas leituras e pesquisas a fim de provocar a reflexão e, possível, assitência aos colegas.


 Expectativas de um aluno

Antes de discutirmos métodos e materiais que possam ser empregados em aulas,
acredito que precisamos entender o nosso mercado, ou seja, o que os alunos que procuram aulas particulares querem. Através de um questionário com alguns alunos, pude verificar os seguintes aspectos:
- Conveniência: seus estudos são no seu local de trabalho ou residência e nos horários que lhes são mais convenientes.
- Inaptidão às classes heterogênas dos cursos de idiomas
- Personalização: atenção especial com aulas focadas no que o aluno precisa aprender, nas suas dificuldades e seus interesses específicos.
- Resultados : mais rápidos
- Bons profissionais: certificados, formação acadêmica e experiência

Além das expectativas dos alunos com relação ao curso, também precisamos considera o que esperam do professor. Percebemos que as respostas dadas aos vários questionários respondidos por alguns alunos coincidiram com um artigo de Carvalho,“The effective language teacher”, no qual nos deparamos com algumas listas de características descrevendo professores ideais. Observem a seguinte tabela com uma compilação do resultado de minha pesquisa e de Carvalho:

Caracterísiticas desejáveis
Responsável Comprometido
Dinâmico Simpático
Criativo Alegre
Pontual Auto-confiante
Paciente Dedicado
Flexível Incentivador
Organizado Motivador
Inteligente Atento
Sensível Humilde
Engraçado Profissional


No entanto, com relação ao que os alunos não gostam em professores temos:

- utilização de métodos antigos
- utilização apenas do livro como material
- falam muito sobre seus problemas pessoais
- falam demais e não deixam espaço para o aluno praticar
- arrogância
- impaciência
- negligência
- falta de profissionalismo

Com base nessa tabela, percebemos que além de competência linguística e qualificação profissional, as características de personalidade também são fundamentais, como sugere a passagem a seguir, extraída de um artigo entitulado “O Bom Instrutor” de Schütz :
“O bom instrutor é normalmente descontraído, alegre, tem bom senso de humor, facilidade de relacionamento e sensibilidade para saber lidar com pessoas com diferentes graus de autoconfiança. Não é aquele que ostenta seu conhecimento lingüístico e corrige o aprendiz; é aquele que desenvolve autoestima e autoconfiança no aprendiz. É aquele que desempenha um papel de facilitador, colocando-se num plano de igualdade e não de superioridade. É aquele que explora o plano afetivo e empatiza com o aprendiz. O bom instrutor é aquele que, ao perceber a realidade pela ótica do aprendiz, identifica, analisa e explica diferenças culturais. É aquele que se solidariza.” English Made in Brazil

Sendo assim, podemos concluir que é fundamental que o professor considere as expectativas do aluno tanto com relação ao curso quanto ao próprio professor.

 Método

Há uma série de métodos e abordagens disponíveis no mercado pelos quais se pode
ensinar uma língua estrangeira, tais como: Método direto, Método da gramática e tradução, Método da leitura, Métodos das listas de vocabulário, Abordagem audiolingual, Método de Gouin – atividades e eventos, Sugestologia de Lozanov, Método de Curran – aprendizagem por aconselhamento, Método silencioso de Gattegno, Método de Asher – Resposta física total, Abordagem natural, Abordagem Comunicativa, Habilidades comunicativas segundo Widdowson, Metodo da repetição... enfim, são tantos que muitos professores se sentem perdidos. Entretanto, apesar dessa série de denominações e teorias, muitas vezes, complicadas, não há nenhuma prova de que a aplicação de um método ou abordagem tenha mais sucesso do que o outro. Sendo assim, podemos concordar com Leffa que conclui seu artigo, dessa maneira:
“A solução proposta por alguns metodólogos é a do ecleticismo inteligente, baseado na experiência da sala de aula: nem a aceitação incondicional de tudo o que é novo nem a adesão inarredável a uma verdade e ninguém. Nenhuma abordagem contém toda a verdade e ninguém sabe tanto que não possa evoluir. A atitude sábia é incorporar o novo ao antigo; o maior ou menor grau de acomodação vai depender do conhecimento prévio de cada um” “Metodologia do Ensino de Línguas”

Podemos, então, concluir que a metodolgia é importante, pois os estudos nos ajudam em nossa prática diária, porém não podemos nos escravizar e trabalhar apenas com uma delas. Além disso, vale ressaltar que também somos responsáveis por desenvolver nossa própria metodologia, criada a partir de nossa experiência. Esta, às vezes, é melhor do que a desenvolvida por alguns estudiosos, como Brown afirma:

“O principal problema da educação é que há um grupo de pessoas que faz – os professores – e um outro grupo que acha que sabe a respeito do assunto – os pesquisadores. O grupo dos que acham que sabem sobre ensino tentam descobrir mais sobre o assunto a fim poder contar mais aos professores (...) Os professores são aqueles que fazem e portanto, são aquele que sabem. (...) E assim, qualquer um que deseje ser um pesquisador útil deveria valorizar o que os professores sabem e ajudá-los a desenvolver seu trabalho” “Teaching by principles: An interactive approach to language pedagogy”.


 Materiais

É fundamental que o professor esteja atualizado e familiarizado com os materiais didáticos e para-didáticos disponíveis no mercado, tanto para nossa atualização quanto para a pesquisa por novos materiais, uma vez que nem sempre temos o que um aluno específico precisa. Portanto, precisamos folhear os catálogos das editoras, pesquisar na internet e frequentar livrarias especializadas.

Assim sendo, infelizmente, por mais que gostemos de certos materiais, com o tempo eles ficam ultrapassados, obsoletos e perdem a relevância. Um dia desses, uma amiga de outra cidade veio a São Paulo e estava se queixando que apesar de fazer aulas com regularidade por um ano, não via progresso. Conversei com ela e descobri que seu professor estava “parado no tempo”. Ele utilizava uma gramática de 1973 e seu método era baseado somente na gramática e tradução, ou seja, algo muito ultrapassado.

Há muitos outros casos como este. Também conheci uma professora que aprendera com um material excelente em 1990. Concordo que o material pudesse ser bom, mas será que não havia uma nova edição? Imaginem um adolescente estudando com os textos que falavam de fax, walk-man e vídeo-casette – muito distante da realidade de hoje em dia, imagino que, primeiro, seus alunos precisassem de uma aula de história.

Ao trabalharmos como professores particulares, devemos aproveitar a oportunidade da escolha de materiais disponíveis no mercado e do desenvolvimento de nosso próprio material. Para a escolha de materiais já disponíveis, devemos procurar por aqueles que adotem os princípios metodológicos que acreditamos ser os melhores para o desenvolvimento de nosso trabalho, assim também como precisamos analisar se a língua utilizada, o nível, a proposta e objetivo do material são apropriados para seu aluno. Aqui, segue mais uma de minhas histórias, desta vez para exemplificar a falta de adequação do material indicado.

Enquanto escrevia, justamente sobre esse assunto, recebi a ligação da mãe de uma criança que foi meu aluno por mais de quatro anos. Eles acabam de se mudar para o interior e a criança de onze anos foi matriculada em uma escola de inglês. O propósito da ligação era uma dúvida da mãe quanto ao material que a escola utilizaria com seu filho. Após uma avaliação, a escola constatou que o menino tem um bom domínio do idioma para sua idade e, portanto, concluiu que ele deveria pular quatro estágios. Ao comprar o material, a mãe percebeu que o livro não parecia apropriado e resolvou me ligar. Conversei com ela e após rápida pesquisa, constatei que o material era destinado a adolescentes de mais de quinze anos e adultos.

Concluí que a escola havia examinado somente o nível linguístico da criança e não sua idade, pois esse menino de onze anos, obviamente, não está apto a discutir assuntos como happy hour, aquecimento global, como atingir a felicidade em 10 passos, certo? Pude constatar uma falta de cuidado na escolha do material para essa criança. Ele deveria estar em uma sala onde pudesse acompanhar o curso não só do ponto de vista linguístico, mas também discutir assuntos para sua faixa etária.

A conclusão que podemos tirar dessa história é que não foi realizada uma verificação completa e cuidadosa do que aquela criança realmente necessita. A análise das necessidades dos alunos é extremamente importante para a escolha do material, pois só assim podemos tomar uma decisão adequada. Não devemos levar em conta somente a comodidade e a facilidade que o professor tem com o material que já está acostumado.

Devemos ressaltar que, após a avaliação do aluno, podemos ter dificuldade em encontrar algo já publicado que atenda às necessidades de nosso aluno e portanto, precisaremos desenvolver materiais, como sugere Graves:

“A escolha de materiais pode levar ao desenvolvimento de novos materiais ou adaptação dos já existentes (...) Para alguns professores, a falta de materiais, é um desafio; para outros, é uma oportunidade” Teachers as course developers


Considerando esta citação de Graves, utilizo outro exemplo pessoal. Como já foi mencionado, há alguns anos venho trabalhando com o ensino de língua inglesa para advogados. Após muita procura, constatei que nem sempre era possível encontrar materiais disponíveis no mercado que atendessem as necessidades específicas de meus alunos. Diante dessa situação, precisava pesquisar e estudar com a finalidade de criar exercícios para eles. Alguns anos mais tarde, tive a idéia de organizá-los, apresentei um projeto a algumas editoras e a editora Disal publicou English just for lawyers, um livro de minha autoria, como já mencionado na primeira parte desse trabalho. Posso dizer que o desafio inicial era bem grande, porém foi uma oportunidade para trabalhar com livros e também posso dizer que foi recompensador em termos tantos profissionais quanto pessoais também.

Outro aspecto importante quanto a escolha de materiais está relacionado a constante busca pelo que melhor atende às necessidades dos alunos naquele momento. Pelo fato de não estarmos mais presos ao planejamento de uma escola, podemos e devemos ser mais flexíveis. Uma aula ou um curso podem e devem ser modificados ao longo de sua duração. As mudanças são necessárias, uma vez que mesmo depois de uma entrevista e avaliação inicial, planejamos nossas aulas baseados em um aluno ideal. É na prática e no dia a dia que vamos conhecendo nossos alunos e avaliando suas dificuldades. Além do fato de que alguns objetivos podem ser modificados ao longo do curso. Já tive uma aluna que começou com aulas de inglês e depois pediu que também fizéssemos aulas de inglês jurídicos. Meses depois, resolveu fazer mestrado fora do país e pediu preparatório para um exame de proficiência internacional. Desistiu de viajar e voltou a ter aulas de inglês regular, ou seja, assim como os objetivos dela foram alterados várias vezes, meu planejamento e a ultilização de materiais também precisaram ser modificados.

Devemos lembrar também que por materiais não devemos nos restringir aos livros didáticos somente. Há uma série de outros materiais disponíveis a serem empregados e devemos nos lembrar que os alunos gostam de diversificação, pois sentem que estão lidando com o mundo real. A utilização de músicas, filmes, jogos e internet, além de enriquecer nossas aulas, são interessantes, pois sabe-se que o contexto, o conhecimento e informações extra-linguísticas auxiliam na compreensão e aquisição do novo idioma, uma vez que são atividades mais significativas, como podemos verificar neste trecho de um artigo de Richards e Rodgers:

“As figuras e os outros recursos visuas são essenciais, porque nos fornecem um conteúdo para comunicação. Estes facilitam a aquisição de vocabulário na sala de aula. Outros materiais recomentados incluem anúncio de propaganda, mapas e livros. Jogos, em geral, são vistos como úteis (...) desde que os alunos estejam focados no que estão fazendo” “A Brief history of language teaching”


Tanto com relação às músicas e aos filmes, podemos trabalhar de diversas maneiras e ter diferentes enfoques. Não servem apenas para exercícios de escute e complete, podemos lidar com estrutura, vocabulário, pronúncia, entonação, velocidade, ritmo e pausas.

Com relação aos jogos, apesar de interessantes e divertidos, estes precisam ser muito bem organizados. De acordo com o artigo, já mencionado neste trabalho, “Teacher, let´s play a game!” de Pinheiro precisamos saber as preferências de nossos alunos com relação aos jogos para saber se eles não ficariam estressados física ou mentalmente. Afinal não podemos levar um jogo que necessita trabalho corporal, se nosso aluno é tímido e prefere ficar sentado o tempo todo. Nesse caso, podemos trabalhar com um jogo de tabuleiro, por exemplo. Tendo esses apectos considerados, também precisamos refletir sobre o objetivo do jogo, sua eficácia e fazer com que os alunos percebam o objetivo de sua utilização.

Também não podemos nos esquecer da internet. Esta pode ser usada como fonte de materiais para a preparação de nossas aulas sobre diversos temas, tópicos gramaticias, vocabulário, pronúncia e etc. Hoje em dia, encontramos diversos websites com dicas e exercícios para serem usados em aulas. Além disso, essa é uma ferramenta indispensável para os próprios os alunos, pois eles podem desenvolver várias habilidades de maneira independente, como afirmam Rutter and Vilar:

“Nossa missão é despertar a curiosidade de nossos alunos e ensiná-los a encontrar e usar as informações que estão disponíveis. Nós devemos guiá-los neste mundo globalizado e estimular seus desejo de aprender de modo independente” .“English teachers-The new missionaries”

Resumindo, há diversos materiais disponíveis e cabe ao professor escolher o melhor que atendas às necessidades de seus aluno. Ressaltamos, contudo, que mesmo os melhores materias precisarão de certas adaptações para a realidade de cada aluno.


 Alunos

“Um professor é muito mais do que alguém que apresenta aos seus alunos um vocabulário vasto e estruturas gramaticais. Ele é aquele que guia, administra, conduz e facilita a aprendizagem na medida em que procura adequar as condições para que os alunos aprendam. Levando isso em consideração, nós concluímos que os alunos são tanto as figuras centrais quanto os agentes no processo de aprendizagem. Assim, como os alunos são o centro de tal processo, o professor deveria conhecê-los e se inteirar de suas necessidades a fim de administrar suas aulas de maneira mais eficiente para que os objetivos possam ser atingidos.”“In search of good teaching”.

Resolvi iniciar esse assunto citando Duprat, pois já discutimos sobre metodologia e escolha de materiais e para tanto, sempre mencionamos a necessidade de que o professor conheça seu aluno, seus objetivos, suas necessidades, seu modo de estudar e aprender, além dele como pessoa. Portanto, esta citação sintetiza perfeitamente a minha opinião.

A avaliação das necessidades dos alunos é fundamental para o nosso planejamento. Não podemos tratar nosso aluno como qualquer outro e dar sempre a mesma aula, da mesma maneira que demos ára os outros alunos. A aula particular é o cenário perfeito para o desenvolvimento deste trabalho, no qual temos a oportunidade e devemos modificar nossa proposta e planejamento de acordo com as necessidades de cada aluno, promovendo, assim, soluções customizadas, preparadas para cada indivíduo.

Com base nisso, parece-me que uma característica essencial de um professor é que ele goste de pessoas, pois precisamos “desvendá-las”. Uma citação que recebi em um congresso também define bem o que é esperado de um professor:

“Um bom professor possuí uma capacidade de se relacionar. Os relacionamentos feitos por bons professores não estão baseados em seus métodos, mas em seus corações – corações no sentido de um lugar no qual o intelecto, a emoção, o espírito e a vontade convergem no próprio ser humano”. J. Palmer

Se esta avaliação é tao necessária para a realização de nosso trabalho, como conseguir informações? Podemos utilizar questionários e entrevistas, mas acredito que possamos aproveitar o contato mais próximo para observação do aluno. É interessante procurarmos saber quais são as atitudes dele com relação a língua alvo, as razões para sua aquisição, atitudes, estilos e sentimentos com relação a aprendizagem propriamente dita, suas expectativas, seus objetivos, suas motivações, suas opiniões e sugestões. Além disso, é interessante conhecermos também seus gostos, hobbies, atividades, família, amigos, cultura, suas opiniões, suas crenças e até mesmo, suas personalidade, uma vez que alguns aspectos, tais como auto-estima, inibição e empatia, podem influenciar o processo de aprendizagem.

Diante de todas essas informações, o professor poderá fazer escolhas a respeito do quê ensinar e como, estabelecer metas e objetivos, os quais serão fundamentais na medida que nos darão uma direção para o planejamento de nossas aulas, facilitando a escolha do conteúdo e das atividades que serão propostas. Além de guiar o planejamento, os objetivos do nosso alunos também auxiliam no trabalho do professor particular, na medida em que fica claro que estamos em uma aula de um idioma que, deve ter sido preparada previamente, e que tem metas a serem atingidas aula a aula.
A definição de um objetivo a cada aula é extremamente importante, uma vez que por se tratar de aula particular e por conhecermos tão bem nossos alunos, alguns professores acabam perdendo foco e suas aulas limitam-se a bate papos, fofocas, e às vezes, até terapia, pois alguns professores confundem sua função e viram psicólogos, como esclarecem alguns profissionais e pesquisadores. Vejamos declarações de Agostino, primeiramente, e de Shinto na sequência:

“Não é recomendado que o professor tente resolver os problemas psicológicos de seus alunos, uma tarefa para qual esse profissional não está definitivamente preparado.”“Do you really need to be a Super-Teacher?”


“A aula não é uma forma de terapia, apesar de poder ser terapêutica.”“Humanizing your coursebook”


Mesmo assim, entendemos que alguns professores acabem desenvolvendo seu “lado psicólogo”, por assim dizer, uma vez que a aprendizagem em si lida com a natureza psicológica do ser humano. Dessa maneira, um professor pode e precisar considerar alguns aspectos psicológicos ao lidar com cada aluno para entender que além das necessidades linguísticas propriamente ditas, também precisamos reconhecer os sentimentos que acabam influenciando no processo de aprendizagem, pois de acordo com a teoria da “Humanistic education”, proposta por Gertrude Moskovitz e comentada por Shinto:
“A educação afetiva é uma educação eficiente. Trabalha no desenvolvimento de habilidades e manutenção de bons relacionamentos, demonstrando preocupação e suporte aos outros”

Ainda levando em consideração a questão afetiva, podemos discutir o efeito do filtro afetivo, um aspecto importante da abordagem natural, discutido por Krashen. Segundo esta abordagem, o lado emocional dos alunos pode facilitar ou dificultar a aprendizagem. O filtro afetivo desejável deveria ser baixo, pois dessa maneira o aluno receberia um melhor “input” e conseguiria interagir:
“O aluno que se sente calmo na sala de aula e gosta do professor pode até procurar mais informações voluntariamente (...) e também pode ser mais receptivo ao trabalho do professor” “Individual Learners differences.”

Por outro lado, caso o filtro afetivo esteja alto, devido ao medo, insegurança ou ansiedade, por exemplo, o aluno pode ficar desmotivado e não se engajar na aprendizagem. Para que o filtro afetivo esteja sempre baixo, o ideal seria que o professor elogiasse, valorizasse, vibrasse com os acertos dos alunos e os incentivasse nos momentos difíceis, com simples frases como “Tenha um pouquinho de paciência, tenho certeza que você consegue”.

Outra possibidade ainda sugerida por alguns professores é a “terapia linguística”, como pode ser notado nos seguintes trechos de dois autores:
“A aula particular também permite que o elemento psicológico seja explorado. Isso, entretanto, exige que o aluno seja aberto e o instrutor habilidoso. Esse elemento psicológico a que me refiro é o contato pessoal e íntimo entre instrutor e aluno, tipo "terapia lingüística", através do qual os interesses do aluno possam ser explorados e suas próprias idéias usadas como se material didático. Em vez de lições, livros e fitas de contexto alheio, os pensamentos do "aluno-paciente" é que são usados como temas de discussão e traduzidos em linguagem correta, convincente e elegante.” English Made in Brazil

“Bem, se o processo de interiorização da língua passa por essas duas etapas, ao sermos tomados por analistas dos alunos-pacientes, devemos nos conscientizar desse movimento e permitir que o aluno se expresse, independentemente do conteúdo "programado", a fim de que ele se estabeleça, se familiarize com o idioma inconscientemente: é o momento da aquisição. Defendo que não devemos tolher essa espontaneidade com correções gramaticais incisivas.” “Aulas individuais: sala de aula ou divã?”


Tendo levantado alguns desses aspectos relacionados ao aluno que podem influenciar seu processo de aprendizagem, espero que os professores possam refletir mais sobre o assunto antes de planejarem seu próximo curso.

 Aulas

Após termos levantado alguns tópicos para a reflexão, devemos nos focar nas aulas particulares mais especificamente.

Primeiramente, devemos ressaltar que após termos conhecido os alunos, termos escolhido materiais e traçado prazos e objetivos, precisamos ter um certo cuidado, sendo realistas, ou seja, nossos alunos não são e nem serão nativos, apenas serão capazes de desenvolver suas habilidades e dominar bem o idioma. Também, devemos lembrar que nosso planejamento deve ser flexível, pois alguns alunos podem apresentar mais dificuldades do que outros. Estes dois aspectos são extremamente importantes, pois pode haver conflitos se as metas não forem alcançadas no prazo determinado em um primeiro momento.

Levando objetivos, prazos realistas e flexibilidade em consideração, devemos planejar nossas aulas de acordo com cada indivíduo. Mais uma vez ressaltamos que a aula não é um bate papo e nem terapia e que nós temos objetivos a serem cumpridos até o final de cada aula.

Ao planejar sua aula, devemos lembrar que, independentemente do método utilizado e do estilo de aula, nota-se a importância dos seguintes pontos:

 Warm up – há diveras maneiras para que isto seja feito. Eu costumo conversar por poucos minutos com meus alunos para saber se está tudo bem e me inteirar das novidades. Esse é o momento em o aluno utiliza o idioma de forma natural e, realmente, se comunica. Além disso, o professor aproveita o momento para demonstrar que se interessa pelo aluno como pessoa. Às vezes, aproveito para perguntar sobre algo que já tinha sido conversado na aula anterior como um plano, uma intenção ou um problema, por exemplo. Assim podemos mostrar que prestamos atenção à tudo o que ele diz com o objetivo de fazermos com que cada aluno se sinta único e valorizado como pessoa. Para aqueles colegas que não têm boa memória, sugiro que anotem esses detalhes. De qualquer maneira, é importante criamos um vínculo afetivo com o aluno, afinal inúmeras pesquisas demonstram que isto também influencia na aprendizagem, como já discutimos anteriormente.
 revisão – retome a aula passada através de alguma atividade. Desse modo, você relembra a matéria, pode avaliar o que foi aprendido pelo aluno e se mais atividades são necessárias com relação àquele tópico.
 Lição de casa do professor – aproveite o início da aula para esclarecer alguma dúvida que surgiu na última aula e você não conseguiu resolver na hora. Afinal, apesar de sermos professores não sabemos tudo e, algumas vezes, precisaremos dizer “Desculpe, infelizmente, não sei, mas vou pesquisar e conversamos na próxma aula”. No entanto, é essencial que a dúvida de seu aluno seja esclarecida e não esquecida.

Apesar de não termos como objetivo o ensino de um método neste trabalho, ao estudar no curso de Licenciatura, mais especificamente, na disciplina Metodologia do Ensino de Língua Inglesa, entrei em contato com o trabalho de uma autor e gostaria de dividir o que aprendi e utilizo em minhas aulas. Segue um resumo de técnicas propostas por Widdowson e suas habilidades comunicativas, as quais propõe que se evite trabalhar somente com as habilidades formais e gramaticais, procure trabalhar com o as formas que são usadas, attribuindo valor ao contexto.

 Diferença entre”speaking”, “saying” e “talking”.

- “speaking” - é apenas produção de sons através de exercícios de repetição, por exemplo.
- “saying” - consiste em fazer com que o aluno fale algo que tenha relevância.
- “talking” – uso da língua durante uma interação verbal, ou seja uma conversa

 Diferença entre “hearing” e “listening”

- “hearing” - distingue as palavras do texto por reconhecimento dos sinais, através de exercícios de escute e repita
- “listening” - é o reconhecimento da função comunicativa, de como as sentenças se relacionam umas com as outras.

 Diferença entre “composing” e “writing”

- “composing” - atividade física de uso do movimento para manifestação de sistemas gráficos e gramaticais da língua
- “writing” - mais do que colocar sentenças juntas, seria a habilidade de desenvolver discussões e persuadir o leitor.

 Diferença entre “comprehending” e “reading”

- “comprehending” – habilidade de reconhecer sentenças e elementos linguísticos, através de interpretações superficiais de texto que utilizam perguntas e respostas, exercícios de verdadeiro ou falso.
- “reading” - valorização do entendimento e a compreensão do discurso, o reconhecimento de palavras, sentenças e seus valores quando associados com outros elementos.

Com isso, minha intenção é fazer com que os professores, e não só os particulares, reflitam sobre suas aulas e atividades propostas. De acordo com Widdowson, podemos dizer que o professor deveria contemplar tanto a forma quanto o uso, pois a língua não consiste em várias habilidades separadas, é um conjunto de todas elas funcionando ao mesmo tempo. Dessa maneira, diríamos que é importante que os professores trabalhem com a forma, porém deve haver uma progressão para que os alunos aprendam a lidar com o uso, como podemos perceber na seguinte citação do autor ao discorrer sobre as atividades relacionadas a língua oral:

“O que os alunos precisam adquirir é uma consciência de como o idioma aprendido é utilizado para conversação. Em algumas cinrcustâncias, pode ser necessário que trabalha-se com o “speaking” e o “hearing” primeiramente, antes de uma progressão para a habilidade comunicativa de “talking”. O importante é que o prefessor deveria aceitar que tal progressão deve ser feita em algum momento, se seus alunos quiserem realmente fazer uso do idioma” “Linguistic skills and communicative abilities”


Além dessa discussão teórica, devemos lembrar aos professores que a aula é a nossa principal ferramenta no processo de fidelização de nossos alunos. Portanto, devemos fazer o máximo para que nossas aulas sejam não só bem planejadas, com vários elementos que ajudem o processo de aprendizagem, mas sejam também um espaço para que o aluno possa se descontrair dando sua opinião através de discussões sobre temas diversos (meio ambiente, moda, cultura e costumes) ou trabalhar com uma música, o trecho de um filme ou até se divertir jogando, pois sabe-se que independente do método, as aulas precisam estimular o aluno, como propõe Kayano:
“Uma experiência educacional efetiva estimula a curiosidade, aumenta a confiança e a concentração. Lewis (1996) acredita que aulas bem planejadas e executadas não garantem aprendizagem. A educação verdadeira só acontece quando os alunos desenvolvem suas habilidades intelectuais e, no caso de alunos de idiomas, quando elas são capazes de ver as palavras de diversas maneiras. Hamer (1992) menciona que alguns bons princípios para o planejamento de aulas. Receba bem dois amigos: variedade e flexibilidade. Evite dois inimigos: rotina e monotonia.” “How to plan effective lessons”

Consequentemente, se o aluno se sente mais à vontade e aprende mais, provavelmente, continuará suas aulas conosco.

Entretanto para que isso seja possível e a aula bem dada, lembre-se que após o planejamento, precisamos separar todo o material necessário e certificar-nos de que sabemos examente como usá-los, principalmente, materiais extras como jogos e equipamentos como MP3, DVDs e laptops.

Entretanto, mesmo tendo uma aula bem preparada, sabemos que imprevistos acontecem. Portanto, uma sugestão é ter em sua pasta sempre três aulas prontas, uma de nível básico, uma de intermediário e uma de avançado, assim caso ocorra algum problema, como esquecer o material do aluno, o que já aconteceu comigo, teremos um outro material para trabalharmos.


 Erros e sua correção

Este tópico foi incluído em nosso trabalho, pois é considerado, por muitos professores, difícil de ser trabalhado, e parece essencial, pois por mais comunicativa que seja uma metodologia adotada com ênfase em conversação, nenhum professor pode deixar de lado a precisão, ou seja, um modo de falar que esteja mais correto, de acordo com a norma. Afinal, se não trabalharmos com os erros dos alunos, apontando problemas, discutindo possibilidades e provocando uma reflexão deles mesmos, quem irá?

Sabe-se que muitos professores não gostam de apontar os erros de seus alunos, principalmente em aulas particulares, por não quererem expô-los e achar que assim podem acabar com sua auto-estima. Embora entenda esta preocupação de alguns colegas, acredito que isto depende de como o professor lida com a questão. Ao invés de corrigir seus alunos a todo momento de uma maneira negativa, cabe ao professor convecê-los que eles não são nativos e portanto, não há necessidade de perfeição, até porque os próprios nativos comentem erros. Sendo assim, não é preciso que os alunos exijam tanto e sejam tão duros com eles mesmos. Acredito também ser o nosso papel explicar que os erros proporcionam uma ótima oportunidade de aprendizagem na qual o aluno pode aprender com seus próprios erros na medida em que pode identificá-los e corrígi-los.

Partindo deste ponto de vista, parece-me importante que façamos uma análise do que pode ser corrigido. Para tanto, a discussão sobre os dois diferentes tipos de erro é relevante, como podemos ver a seguir:
 Erros ocorridos por falta de atenção devem se corrigidos, pois o aluno já teve contato com essa estrutura anteriormente. Por exemplo, um aluno do intermediário-avançado que já aprendeu a forma do presente simples na terceira pessoa do singular na língua inglesa e, mesmo assim, diz “He speak English very well”. Devemos chamar sua atenção para o erro e sua correção para “He speaks English vey well”
 Erros por falta de conhecimento, ou seja, algo novo empregado por necessidade através de experimentação. Estes nem sempre devem ser corrigidos no momento utilizado, pois podem inibir o aluno que passará a não se expressar, a não ser que esteja seguro, o que não é interessante, além do fato de não ser o momento apropriado para a explicação de como aquela estrutura funciona. Sendo assim, cabe ao professor o bom senso para a escolha do que corrigir. Por exemplo, um aluno do nível básico que emprega de maneira incorreta, de acordo com a gramática prescritiva, o tempo verbal na construção de condicionais, tal como: “If I know you are sick, I cancelled it”, quando o correto seria “If I had know you were sick, I would have cancelled it”. Não sugiro uma correçao e explicação dos quatro casos do emprego dos tempos verbais em condicionais para um aluno que está no início do seu aprendizado. O mais importante e que deve ser valorizado nesse caso é que ele tentou se exprerssar e até utilizou o “if” mesmo sem saber ao certo como fazê-lo.

Uma vez reconhecido o tipo de erro e se este deve ser corrigido naquele momento, devemos discutir sobre as diversas maneiras para trabalharmos com os erros e suas correções. Vale ressaltar, contudo, que um professor experiente, pode evitar que alguns erros sejam cometidos, ensinando previamente estruturas que os alunos precisarão empregar naquela aula e não estejam familiarizados. Vejamos alguns tipos de correção:
 Erros durante a conversação: normalmente, costumo fazer algumas anotações enquanto o aluno fala. Dessa maneira, evito interromper os alunos, o que pode criar constrangimento e inibição. Após a discussão, mostro algumas frases e peço que ele tente identificar seus próprios erros e faça a correção. Caso não consiga identificar o problema, eu o indico e dou mais uma chance para que ele faça a correção. Só darei a resposta correta em último caso. Acredito que seja interessante deixarmos que os próprios alunos se corrijam, pois como diz um ditado americano:
“Diga-me e esquecerei. Mostre-me e poderei não lembrar. Envolva-me e entenderei”
No entanto, para que os alunos não fiquem traumatizados com tudo o que escrevo, também anoto pontos positivos, assim, além de apontar somente os problemas e fazer a correção, também elogio e mostro o que fizeram de bom, como uso de estruturas que antes tinham dificuldade e agora foram bem empregadas ou o bom uso de alguma estrutura mais elaborada.

Além desse modo, empregado principalmente durante as conversações, há outras técnicas que também podem ser utilizadas para correção da fala, tais como:
- pedir que o aluno repita a sentença, mas não identifique o erro, “Desculpe, não entendi/ouvi, você poderia repetir, por favor?”
- repita o que ele disse enfatizando o erro; “He PLAY (?) footbal every Friday”
- identifique o erro e peça para que ele corrija: “Not he play, but he...)
- corrija e exagere, “He playSSSSS soccer every Friday”
- utilize alguns sinais com os dedos ou as mãos para indicar os tempos verbais ou a entonação, por exemplo.

 Erros durante leitura – às vezes, peço que leiam algum trecho ou parágrafo em voz alta para avaliar a pronúncia. Mais uma vez, anoto os problemas e peço para que leiam aquela palavra novamente, pois nem sempre é porque não sabem, pode ter passado despercebido. Caso realmente não saibam, é uma oportundade para ensinar a pronúncia correta não só daquela palavra, mas de semelhantes também, por exemplo: pronúncia incorreta de “comfortable”, pois utilizam o padrão de “table”, ensino a forma correta e que outras palavras também têm essa padrão: “reliable”, “available”.

 Erros escritos – mais uma vez, evito entregar a correção pronta ao aluno, pois é algo que devemos trabalhar juntos. Corrijo trabalhos escritos sublinhando a parte incorreta, utilizando alguns códigos, tais como: Gr – gramática; Sp – spelling (ou Or – ortografia); Vt – verb tense (ou TV – tempo verbal); Pre – preposição e etc (cada professor pode criar seus sinais para autocorreção. Após tal processo, dou a oportunidade para que o aluno re-escreva seu texto corrigindo o que for necessário e, novamente, só darei a resposta, caso o aluno não consiga chegar a solução apropriada.

Com essas maneiras de correção, permito que meus alunos tenham a oportunidade não só de aprenderem com seus erros, mas também de serem mais independentes, reconhecendo seus problemas e corrigindo-os, da mesma maneira que fazem os nativos de um idioma, que se corrigem sempre que necessário.


 Avaliação

Outro tema que gera várias discussões é a avaliação. Algumas pessoas confundem avaliação com provas, mas na verdade, a famosa prova, temida pelos alunos, é apenas uma das maneiras de avaliá-los. Em minha opinião, independente, de que forma a empregarmos, a avaliação é extremamente necessária, pois é através dela que podemos checar o nível de proficiência de nosso aluno, assim também como verificar quais são seus pontos fortes e fracos. Com base nisto, podemos refletir sobre como trabalhar com aquele aluno, daquele momento em diante, para podermos atingir nossos objetivos de maneira mais eficiente.

Creio que as provas tradicionais e suas notas foram a maneira encontrada no passado por professores de classes numerosas para tentarem descobrir o que seu aluno compreendeu e aprendeu em suas aulas. No entanto, hoje em dia, sabe-se que essa não é a melhor maneira de se fazê-lo, pois este tipo de avaliação, normalmente, limita-se apenas a checar o uso de estruturas gramaticais e sintáticas corretas e léxico adequado, com ênfase no erro, seguidos de uma nota. Sabemos, porém, que há a necessidade de avaliarmos outros aspectos do aprendizado, como o uso efetivo da língua, por exemplo, pois como propõe Grizzi:

“ Competência não significa performance. Um aluno pode ser capaz de distinguir uma estrutura aceitável de uma inaceitável na língua que ele esta aprendendo. Esta habilidade não significa necessariamente que o aluno possa reproduzir o item que ele está lendo para expressar-se.” “Is grading English old-fashioned”

Partindo desta afirmação, percebemos que responder as questões de uma prova de maneira correta não significa que esse aluno tenha um ótimo desempenho ao ter que conversar em outro idioma. Então, o que devemos fazer? Vejamos a proposta de Graves:
“ Testes não são os únicos meios que os professores dispõem para avaliarem seus alunos. Os professores podem estruturar suas atividades a fim de avaliar seus alunos enquanto estes participam das mesmas.” Teachers as course developers

Posto isso, acredito que precisamos estudar outras maneiras para a avaliação. No caso de aulas particulares, mais especificamente, acho que temos a oportunidade de desenvolver uma avaliação mais eficiente e não necessariamente formal. Temos a possibilidade de avaliarmos nosso aluno continuadamente, a cada momento, pois podemos focar nossa atenção somente nele. Como resultado dessa nova prática, o feedback pode vir através de uma simples conversa, onde o professor avalia o aluno e esse também tem a oportunidade de refletir e se auto-avaliar.

Devemos ressaltar o papel da auto-avaliação, pois alguns professores utilizam a avaliação para apontar apenas os erros dos alunos, o que pode levar ao constrangimento e baixa estima do aluno. Entretanto, me parece que além disso, a avaliação também serve para que o aluno possa refletir e descobrir não só o que não sabe, mas também aquilo que ele domina.

Ao pensarmos em avaliação, automaticamente, lembramos de provas e alunos, mas além da avaliação do aluno, Graves ressalta a importância da avaliação do próprio professional. Devemos lembrar que o feedback do aluno com relação ao nosso trabalho deve ser levado em consideração e também, devemos nos avaliar: nosso trabalho como professores e nossas aulas.
“A própria reflexão do professor e seu questionamento têm um papel importante na avaliação” Teachers as course developers.

A avaliação do trabalho do professor nos dá a oportunidade de reflexão sobre nossos princípios e práticas. Vários filósofos já escreveram sobre o assunto e a idéia que permeia a maioria destes artigos é que o professor precisa estar aberto para receber críticas, explorar novos caminhos e a aprender com a prática de outros colegas. Por mais difícil e desafiante que seja, este é um ponto fundamental para nosso crescimento profissional, como afirma Guerra:
“É necessário que ele (o professor) adote práticas reflexivas. A reflexão, a análise, o questionamento e a preparação são peças fundamentais dessa engrenagem intrincada que é o ensinar.” “O Professor Reflexivo: Guia para investigação do comportamento em sala de aula”


Cantinho do professor

Muitos professores particulares acabam se desiludindo com a profissão, seja pela instabilidade financeira, falta de rotina, carga pesada de trabalho, fortes cobranças, fracasso, solidão e até falta de reconhecimento da sociedade. Pesquisas revelam que muitos professores acabam deprimidos, apáticos e pessimistas diante de qualquer nova experiência, novo aluno, novo desafio. No entanto, há um outro caminho a ser seguido que nos leve a felicidade e realização profissional.

Primeiramente, devemos lembrar que como profissionais liberais devemos não só planejar nossos ganhos mês a mês, mas também zelar pelo nosso futuro, pois é um mercado instável. Assim sendo, é essencial que cada professor tente, na medida do possível, ter sempre uma reserva financeira, pois além de cancelamentos, parte da rotina de aulas particulares, também há outros inconvenientes, tais como muitos feriados e suas emendas, férias dos alunos durante todo o ano e de forma mais concentrada nos meses de janeiro, julho e dezembro. Assim também como o cancelamento do curso de uma hora para outra por diversos motivos. Se organizarmos nossas finanças, podemos ficar um pouco menos preocupados com nossa situação.

Além do montante variar todos os meses, também devemos pensar no futuro. Em minha opinião, devemos planejar nossa aposentadoria seja através de previdência privada ou contribuindo com o INSS. No caso deste último, além da própria aposentadoria, o contribuinte do INSS também tem alguns outros benefícios, tal como, salário maternidade.

Com relação a cobrança, devemos levar em conta que como todo prestador de serviço, é conveniente para nós, que apresentemos resultados positivos. Portanto, não podemos nos abater diante de um desafio, mas sim, aproveitarmos a chance para nos atualizarmos, nos desenvolvermos e até mesmo crescermos profissionalmente. Sim, todo professor particular, bem como qualquer profissional, precisa de aperfeiçoamento constante, como já mencionamos ao decorrer deste texto. Quando um aluno não consegue atingir seu objetivo, precisamos refletir sobre o nosso trabalho e descobrir o que podemos fazer para melhorá-lo. Qual seria o problema: falta de conhecimento? dificuldade em transmitir o que sabemos? falta de sintonia com o aluno?

Ao estudarmos e procurarmos soluções para nossos problemas pedagógicos, solucionamos outra questão: evitamos a solidão e o isolamento. As palestras, lançamentos de livros, congressos e cursos de aperfeiçoamento nos proporcionam ótimas oportunidades para conhecermos outros profissionais e trocarmos experiências.

Outro ponto que nos deprime bastante são as experiências fracassadas, tais como: aluno que não consegue aprender, o aluno que não gostou de nossa aula ou aquele aluno novo que depois de conversar conosco não retornou a ligação. Devemos lembrar, contudo, que somos seres humanos e portanto, não somos perfeitos e iremos fracassar algumas vezes não só como pessoas, mas como profissionais também, isto é normal, por mais difícil que seja de aceitar. Ressaltemos também que o fracasso de um aluno, seja por não conseguir dominar o idioma ou fracassar em um exame, pode não estar relacionado só ao nosso trabalho, pois o sucesso de um curso depende muito do aluno, mas infelizmente, nem todos têm consciência disso e quando não atingem seu objetivos acabam colocando a culpa no professor. Afinal, professores experientes já devem ter conhecido alunos que nem sabem o que esperar de uma aula particular ou aqueles que acham que somos mágicos ou bruxos, pois querem resultados imediatos (dominar o idioma em seis semanas) e que o aprendizado deles depende somente de nosso trabalho. Devemos deixar bem claro para nossos alunos que os professores são apenas facilitadores, mas o trabalho é do aluno.

Ao falarmos de fracasso, me parece importantíssimo falarmos sobre os sucessos que muitas vezes passam despercebidos e nem damos valor à eles. Quantas vezes recebemos elogios de alunos e nem damos muita atenção? Há alguns anos, passei a ter outra atitude para me valorizar: infelizmente, nem sempre conseguimos lembrar desses elogios, por isso todas as vezes que recebo um email com agradecimentos e elogios salvo em um arquivo. Assim, quando me sinto cansada ou vejo que a remuneração de um professor não é tão boa quanto a de outros profissionais, leio os comentários de meus alunos e fico feliz, pois como diz um citação de um autor desconhecido, que recebi em uma palestra para professores:
“Daqui a cem anos, não importará o quanto de dinheiro você ganhou, que tipo de carro você dirige, em que tipo de casa você mora, mas daqui a cem anos, o mundo será um lugar melhor, porque você fez diferença na vida de uma pessoa”.

Para encerrar, acredito que apesar da importância de nossa realização profissional, não podemos nos esquecer de nossa vida pessoal. É extremamente importante que além de nosso trabalho, também nos dediquemos à nós mesmos com a prática de algum hobby, esporte, outros cursos de nosso interesse, passeios, viagens e etc, assim também como nossa família e amigos.

Espero que esse texto sirva de inspiração para aqueles que estão começando e de motivo para reflexão daqueles colegas que já atuam na área.

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